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Tudo bem que a vida é um eterno ir e vir de pessoas, mesmo que isso seja um processo normal é difícil se despedir de alguém e à hora do partir pra um novo rumo dói.
Nos últimos dias vi uma pessoa que conviveu comigo mais de dois anos alçar vôo. Ela estava cansada. Cansada do marido truculento, cansada do tempo, cansada da vida sofrida, cansada …
Decidiu viajar. Pediu demissão do emprego e partiu rumo a Manaus para visitar uma filha. Fiquei sozinha.
A primeira vez que nós encontramos foi na copa da empresa que eu trabalho. Ela veio por indicação de um amigo para trabalhar na minha residência. A primeira impressão que ela teve de mim foi à seguinte: ‘ela parece meio chata’ e a minha dela ‘ela parece legal’. Estava formada a amizade. Menos de uma semana depois viajei para São Paulo, ela teve que se adaptar a nova casa e aos três estranhos que iriam conviver com ela naquele período. Quando retornei a encontrei sorridente. Ela era simpática.
Nascia aí uma amizade duradoura. Ela tinha cuidado do meu quarto, das minhas coisas e dali em diante passou a cuidar de mim. Segundo a mamãe ganhei uma babá depois de adulta. Era minha segunda mãe. Minha ‘Cissa’. Não sei explicar nossa ligação só que era muito boa.
Cissa presenciou diariamente meus momentos de tristeza e de alegria. Foi cautelosa comigo no momento delicado da minha cirurgia no ano passado. Muitas vezes acordei do meu descanso com ela sentada do meu lado na cama, me observando.
E o que dizer dos seus mimos? Meus novos quilinhos vieram nas mãos da Cissa que vivia comprando cocada, chocolate, bolacha doce, fora uma infinidade de outras guloseimas. Não teve como resistir.
Quando estava em casa sorriamos muito. Sou meio palhaça por natureza e a Cissa era minha platéia. Eu a fazia sorrir principalmente quando ela não estava bem. Era questão de honra.
Na sexta passada as palavras sumiram nos cômodos da sala. Enquanto ela estava cabisbaixa pelos cantos eu fiquei muda. Na hora de nos despedirmos ela chorou muito. Eu somente a abracei e a beijei (chorei também). Fui trabalhar e ela se foi.
O sábado foi triste. Eu assumi a vassoura. Às vezes varrer é bom pra pensar. Por isso varri a área, o pátio, a casa, o quintal, mesmo assim não me senti melhor. Lembrei mais.
Eu sei que ela volta daqui a alguns dias, no entanto não voltará pra perto de mim. Não estou sendo egoísta. É difícil. Não se acostuma a se afastar de alguém assim tão rápido. Vou sentir muita falta da Cissa (e como vou).
A casa ficou vazia.
(Bola pra frente)
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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