Djanira Silva 16 de junho de 2009


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Não me recuses o direito de sentir. Amor é assim, nasce ninguém sabe como. Com ele frutifico amadureço e possivelmente morrerei. Autônomo, meu dono, morreremos juntos. Não tentes me transformar nem traçar caminhos para quem já está no fim da jornada. Eu sou assim, assim fui inventada e criada. Aprendi a dizer muito obrigada, por favor, e dane-se. Não posso dizer que aprendi o amor, ele nasceu comigo e se alguém matar minha alegria ele resistirá. Não me proibas de sofrer quando eu bem quiser. Não tens o direito de querer entrar nos meus pensamentos, não podes vasculhar minha alma do mesmo jeito que não posso entrar na tua. Ninguém pode nem deve caminhar sobre as feridas alheias e ignorar a dor de quem não quer falar. Não sou a mulher forte de que nos fala o Evangelho. Sou uma mulher comum, parida, que pariu sem aprender.Quando o Mestre chamou os homens de sepulcros caiados, bem sabia que carregamos uma alma em decomposição. Sabia, ainda, que um sorriso nem sempre significa alegria, palavras de afeto nem sempre são verdadeiras e os afagos nem sempre são sinceros. Possuímos uma carga muito grande de maldades e desejos frustrados. Cobramos dos outros o que desejaríamos ser. Invejamos o que gostaríamos de ter.Deus fez o homem para falar do mundo e das maravilhas por Ele criadas. No entanto, assim não ocorreu. Criado à imagem e semelhança do criador achou que poderia imitá-lo e até superá-lo. Não se limitou a aceitar o que recebeu, procurou modificar tudo, nem sempre para melhor.

Penso que Deus criou o homem para se divertir neste imenso circo onde nós, os palhaços, atuamos. Saímos da era da pedra lascada, pela força e pela destruição. Já vivemos vários períodos. O da pré-história onde tudo era tomado pela força – sempre a arma do poder. Atravessamos outras eras também de destruições, mortes e conquistas injustas. Tivemos períodos de paz e tranqüilidade, onde filósofos, pintores e escultores retrataram um mundo de beleza e criatividade. O homem atravessou todas as transformações. Se já foi macaco, não temos dúvidas. Somos verdadeiros símios recebendo ordens, imitando os outros, vestindo roupas desenhadas por estilistas que deixam as mulheres pra lá de macacas. Comemos o que a propaganda diz que é bom, dançamos a boquinha da garrafa, o créu e o tchan. Diferimos dos macacos porque eles não possuem a maldade humana nem o poder de inventar armas para destruir a própria espécie.

Pobres e ricos, sempre existiram, espertos também. Acontece que estes estão superando os outros e, às vezes, até a si mesmos.

A força, o poder, e a capacidade de enganar foram reunidas num só espécime – o político, figura criada pelo homem enquanto Deus criava o diabo.

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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