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Não há necessidade de se ser anti governo, ou ser contra tudo e contra todos, para perceber como os critérios de cuidados com a saúde pública são diferentes a depender de outros interesses, que não apenas a saúde mesma do público geral do país. O critério econômico, a preocupação com a balança comercial prevalece sobre os seres humanos.
Isto vale, tanto para os objetivos do Plano de crescimento econômico, o PAC, como para as preocupações oficiais com as epidemias que hoje estão mais em evidência na conjuntura do Brasil. Observe-se como são tratadas as epidemias de dengue a da tal gripe importada.
Siga-se a comparação dos números fornecidos. No Brasil ainda não foram identificados nem 20 casos reais de gripe importada. Vários têm sido os suspeitos, mas logo são postos em quarentena rigorosa, um deles no Rio de janeiro, colocado em completo isolamento para observação.
Também as autoridades já providenciaram os chamados Kits de diagnóstico importados para evitar qualquer risco de contaminação alastrante. A televisão ontem, gastou entre 10 e 15 minutos de noticiário para acalmar a população, de que a tal gripe importada não chegou ao Brasil e que as autoridades estão tomando todas as providências para isso não aconteça.
Já sobre a dengue, as notícias não são mais relevantes, nem a televisão gasta mais de um minuto aqui, outro acolá para uma informação. No entanto, uma notícia de Rádio dá conta que só no Estado do Mato Grosso hoje, 650 pessoas estão acamadas com a dengue braba, que já matou 22 pessoas nos últimos meses. No mesmo Estado, 12 mil casos de dengue foram registrados nos últimos tempos. Nem se sabe quantos casos atuais acontecem no Pará, na Amazônia e no Nordeste. Por que essa diferença de preocupação das autoridades com estas duas epidemias, uma não chegada e outra já alastrada? Deve haver vários motivos, mas nenhum mais importante do que o econômico. A gripe importada está alarmando o mundo todo e isso atinge a economia dos países afetados, como é o caso do México. Ali, paralisou boa parte da vida social e econômica, especialmente o turismo e o comércio. Já nos Estados Unidos da América do Norte, também um dos focos da epidemia gripal, as notícias mais recentes estão abafando a realidade. A televisão brasileira mais submissa ao império chegou a dizer que em Nova York, uma das mais populosas cidades cosmopolitas, ninguém está preocupado com a tal gripe, a vida corre normal, normal.
Então por que essa preocupação das autoridades e de certa mídia em dizer que está tudo sob controle na questão da gripe importada, e quanto à dengue, as mesmas autoridades apenas dão conselhos, sobre cuidados com água parada. Não mais se ouve falar em fumacê e cuidados especiais nos hospitais? Não será porque a dengue acontece mais nasregiões pobres e de menor fluxo comercial, enquanto que a gripe importada afetará o turismo e a entrada de capital estrangeiro na economia do país?
Num país em que o PAC é mais importante do que populações amazônicas, tudo é possível, não há necessidade de se ser contra governo, basta estar atento aos sinais.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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