Um apelo da Campanha da Fraternidade de 2007

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A questão ambiental tem sido motivo de preocupação para muitos setores da nossa sociedade. E as nossas riquezas são múltiplas nesse aspecto.

O Brasil é um dos mais ricos países do mundo em termos ambientais: possui em seus 8.511.996km2 cerca de 1/3 das florestas tropicais remanescentes e o maior sistema fluvial do planeta ( no território brasileiro estão situados 2/3 da vasta bacia amazônica, por exemplo). O Brasil possui ainda a parte mais extensa do maior complexo de terras inundáveis ( o Pantanal), a savana que contem a mais rica diversidade biológica ( o Cerrado) e mais mangues do que qualquer outro país. Esta vasta paisagem abriga uma variedade gigantesca de fauna e flora;classificado como o país da “megadiversidade” pelos cientistas, o Brasil tem de 10 a 20 % das espécies conhecidas no mundo, segundo as estimativas. Há um grande número quer só ocorre no Brasil e uma grande quantidade ainda desconhecida pela Ciência. Em nenhum outro país há tantas espécies de macacos, papagaios, anfíbios, peixes de água-doce, vertebrados terrestres ou plantas. A flora brasileira representa 22% da flora mundial. Mas o Brasil é um dos países que apresenta alguns dos centros mais industrializados ( e poluídos ) do mundo, convivendo com focos de miséria e ocupação desordenada. Enquanto a Amazônia brasileira ainda abriga algumas das maiores extensões de floresta, a Mata Atlântica – igualmente rica em diversidade de espécies – tem sido sistematicamente destruída há mais de um século e é, hoje, o segundo bioma florestal mais devastado do mundo.

Embora o Brasil tenha uma das mais rigorosas legislações ambientais do mundo, ela tem demonstrado ser ineficaz no combate à devastação. Aliás, em termos de legislação não aplicada, o nosso país é um belo campeão: por exemplo, a legislação do SUS, é considerada pelos organismos internacionais de saúde, um dos sistemas mais organizados do mundo, e na prática, nós sabemos como funciona. Com relação à legislação ambiental, os problemas incluem : insuficiência de pessoal, dificuldades em monitorar áreas extensas e de difícil acesso e falta de regulamentação das medidas que permita a implementação das disposições legais.

Na Antiguidade, a preocupação com as questões ambientais já se encontram expressas no Pentateuco quando no início da Torá ( os cinco primeiros livros da Bíblia), vemos Deus Criador recomendar a Adão e Eva que preservem o mundo em que os colocou. Noções sobre biodiversidade e a preservação das espécies animais são encontradas quando Noé leva para a sua arca casais de cada espécie animal.É ainda na referida arca onde aparecem os primeiros registros sobre lixo, na medida em que um andar inteiro era reservado para sua disposição.

A proibição do corte de árvores frutíferas pode ser encontrada no livro do Deuteronômio, capítulo 20.

As interrogações sociais que motivaram as pesquisas sobre o Meio Ambiente, certamente tomaram impulso com a obra “Ensaio sobre o princípio da população”, de 1798, do inglês Thomas Malthus. Os problemas populacionais , já na Antiguidade, chegavam a preocupar os governos. O primeiro esforço científico, porem, para estudar essa questão, foi feito por Malthus. Sua posição era de que o crescimento natural da população, em progressão geométrica, sempre excederia o incremento dos recursos de subsistência, que cresciam em progressão geométrica. Esse desequilíbrio, levaria a espécie humana à decadência e até o desaparecimento, se não houvesse uma limitação natural, como epidemias, doenças resultantes da subnutrição e de guerras. Mas a teoria malthusiana não previu as possíveis conseqüências do desenvolvimento tecnológico, como a mecanização agrícola, as novas formas de produção, o surgimento dos novos tipos de alimentos e os progressos da medicina.

Concluo ,com a palavra de D. Luiz Capio, Bispo de Barra, e que tem assumido a missão de lutar contra a transposição do rio S. Francisco. Ele fez a apresentação do livro da Campanha da Fraternidade de 2007.

Diz ele:”A CF – 2007 nos leva para a Amazônia, onde a vida e a natureza , com toda a sua riqueza e biodiversidade ainda sobrevive, apesar das muitas e grandes agressões de todas as ordens que ali acontecem. A Amazônia é o pulmão do mundo, a grande ‘caixa d’água’ que garante o precioso líquido para o consumo humano e animal. Mas, até quando? Se não abrirmos os olhos e assumirmos posturas corretas de preservação da vida , revertendo o quadro da devastação, estaremos transformando esse jardim maravilhoso, dom do Deus da vida, em quintal onde se joga o que sobrou da festa louca daqueles que são responsáveis pelo consumismo desenfreado e pela destruição das fontes da vida”.

Sebastião Heber Vieira Costa. Professor de Antropologia da Uneb, da Faculdade 2 deJulho, da Cairu. É membro do IGHB, da Academia Mater Salvatoris. Colabora nas Paróquias da Vitória e de S. Pedro. [email protected]

 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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