Ele era metido a pai de santo… E procurava entrar em todas enrascadas que encontrava pelo caminho.
Quando a coisa ficava preta passava a mão em sua medalha gravada à estrela de cinco pontas, e gritava:
– Pode vir quente!!! Que tô de corpo fechado…
E foi com esta idéia que se aventurou a desbravar terras-águas garimpais. Arranjou sócio, montou balsa, e foi cavar ouro para as bandas de lá, de cá e de dentro do Rio Madeira.
De corpo fechado, ou não, se livrava de balas zunindo, facões afiados, cobras, jacarés e hummmm… “Cervos alados”.
De todas as regalias que o Manezão metido a Barão tinha, a que mais apreciava: – “Andar” de avião… Charuto que não fosse mordido… Ficava…Mascado.
De bonezinho, ao lado e adentro da “aéreo-máquina” sentia-se “o próprio Barão Von Richthofen…”
Tarde de sol, corpo fechado, dia ideal para fazer compras do outro lado do rio…Táxi Aéreo…Fretou…- “Manaus-me-espera”.
Apreciador do bom e do melhor… No entanto, o transporte não era nenhum King Air…Muito menos um triplano Fokker, porém ele imaginava que fosse…E assim ia… Todo-todo….de Cessna 206.
Viagem curta. Mesmo com sol, o tempo virou, a potencialidade do “solo” atraiu chuvas e trovoadas… E acrescente ai uma falhazinha da tal técnica-humana.
Já no ar o Barão de Vermelho, entre chocalhoadas-vomitais mais parecia um arco íris bicolor…Verde-amarelo.
Turbulência total lembrou-se de todos seus santos e da “medalha estrela cinco pontas fecha corpo…” procurou a dita cuja em sua carteira (já era) havia sumido de lá, para total desespero do tripulante.
Na falta da medalha, sentiu-se o ser mais desprotegido do espaço. Valia Invocar outros deuses. Lembrou-se de um tal Jeová e de seu filho o Cristo, dos quais não abraçava a estrela e nem a bandeira. Porém, nesta hora agarrou-se a Eles… Clamava, berrava… E a palavra fatal do piloto: “Vou tentar um pouso forçado segurem-se”.
Bem… Não vou narrar o desespero e a sujeira ocorrida… Imaginem lá quem tenha suas intimidades em vôos (ou em filmes de tal) como ficaram os fundilhos do passageiro nesta hora.
Para sorte do nosso amigo Barão, os Dois Invocados, estavam de plantão na torre de comando celestial. Estenderam a Mão e o pouso foi quase normal. Sobreviveram todos.
E nada como um bom banho, um charuto e algumas estrelas, para limpar e fazer esquecer o passado.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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