Nos primeiros anos do nosso trabalho, acompanhamos meninos e meninas em situação de rua e foi muito difícil para eles fazerem a transição de uma cultura da violência para uma cultura da paz. Alguns conseguiram, outros não. A maioria, hoje, tem família e algum trabalho para sobreviver; alguns estão mortos, outros estão no presídio. Depois de passar por alguns anos, atendendo meninos e meninas em conflito com a lei, e sem recursos naquela época para ter uma ajuda técnica de psicólogo e assistente social, decidimos partir para uma ação de prevenção. Assim conseguimos atingir muito mais gente e prevenir em vez de tentar remediar. Assim começamos esta educação pra uma cultura da paz cedo na vida dos meninos e das meninas para tentar prevenir que acontecesse o pior mais tarde. Contato com a família é mantido através de visitas domiciliares e reuniões mensais com os pais e responsáveis.
Promovemos o conhecimento e cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, apoio ao Conselho de Direito e do Conselho Tutelar. Aliás, um Conselho Tutelar já é insuficiente para atender os casos de violência envolvendo crianças e adolescentes do nosso Município. Encorajamos as famílias para levantar a voz e denunciar a violência contra crianças e adolescentes, principalmente contra as meninas nos casos de abuso sexual, tanto fora como dentro da família, esta violência silenciosa. A denúncia de alguém servirá como testemunho de vida para um outro ganhar coragem de denunciar também.
Faço um apelo aos senhores e senhoras vereadores e vereadoras: aproveitem bem esta oportunidade de estar numa posição para poder servir mais as necessidades do povo, especialmente do povo pobre. Façam o máximo para melhorar o atendimento do povo na área de saúde, de educação e do bem estar geral das famílias; assim vão fazer suas partes para promover uma cultura da paz.
(*) Depoimento dado por Irmão Ronaldo D. Hein, coordenador da Pastoral do Menor da Diocese de Santarém, durante a sessão na Câmara Municipal, no dia 10 de março, quando discutia o Tema e Lema da Campanha da Fraternidade: Fraternidade e Segurança Pública e, A Paz é Fruto da Justiça. Dez entidades foram convidadas para dar seu parecer sobre este assunto.