Observo-os todos os dias,
Passam velozes, carregados,
Às vezes com peças lapidadas,
Outras, com matéria bruta.
É até bonito vê-los assim carregando riqueza,
Mas a boniteza logo dá lugar à destruição,
Um lamento de dor sai de nossos olhares.
Contabilizamos os danos ambientais,
Eles!? Apenas o dinheiro sujo.
Imagino então nossa floresta,
Gaia de nossos ancestrais,
Perdendo a cada minuto sua exuberante vegetação maior.
Nossa impotência é grandiosa como suas máquinas modernas
Que sem pedir licença
Arrancam nossas espécies do chão.
E lá se vai nossa madeira se transformar em lucro fácil,
Abastar a ganância de poucos
Dando-lhes o “conforto” da modernidade,
Ficamos então com as clareiras
E o calor como herança de tempos idos,
Pois nossas casas agora são de cimento e pedra.
Nossa madeira… Nossa floresta…
Essas não são mais nossas!
Apenas olhamos quase inertes e alheios,
Mas ainda conseguimos gritar quando ouvimos o ruído potente das máquinas
E o estalar da morte de nossas árvores caindo ao chão.
Nossos portos são âncoras internacionais,
Navios gigantescos com bandeiras estranhas
Esperando em silêncio cargas nobres,
É a nossa floresta com passaporte,
Apenas bilhete de ida.
Aqui em terra-firme fica a desilusão,
Nossos sonhos ecológicos recortados,
Tombados e arrastados pelo trator imponente.
Nossa balança comercial agradece as cifras deixadas,
Mas em seguida
O mesmo governo que comemora e exalta a exportação
“Defende” a preservação.
Uma grande contradição!
É assim que tratam nossa Amazônia,
Um pedaço da Gaia a ser explorado,
Um espaço a ser preservado,
Uma fábrica de vender e matar sonhos inocentes,
Uma terra onde se mata gente,
É o “homem lobo do homem” destruindo a vida,
Deixando migalhas,
Usurpando nosso chão,
Nossos direitos,
Nosso orgulho caboclo,
Mutilando nossa cidadania…

(*) Professor da Rede Pública Municipal
Pedagogo formado pela UFPA

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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