Dannie Oliveira 14 de abril de 2009


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A primeira vez que te vi eu estava comendo pipoca na Orla.

Você sentou em um dos banquinhos para apreciar o rio enquanto eu te admirava.

Você sorriu e eu engasguei com a pipoca.

Enquanto tentava manter o sorriso senti o ar faltar nos pulmões.

Você continuou me olhando e talvez percebeu que em vez de ficar vermelha eu estava ficando roxa.

Dei aquela tossida e a pipoca foi parar nos seus pés.

Baixei a cabeça e fui embora.

A segunda vez que te encontrei você estava de carro parado em frente a uma Agência Bancária.

Fiquei te contemplando do outro lado da rua.

Ao atravessar a avenida fui atropelada por um ciclista.

Resultado acabei indo ao chão.

Você já ia descer do carro para me socorrer, mas num salto me levantei e ignorei a dor no joelho.

Constrangedor foi ter que esconder o buraco na minha saia.

Enquanto me arrastava mancado para a calçada tentava cobrir com uma das mãos o rasgado no lado esquerdo do bumbum.

Procurei uma vala bem funda para me enterrar, no entanto não encontrei nenhuma.

A terceira vez que esbarrei com você eu estava no alto de uma escada.

Você tinha acabado de entrar no salão de festa e eu analisava os convidados de uma posição privilegiada.

Você sorriu e eu retribui.

Ia descer ao seu encontro, mas ao caminhar para a escada o salto da sandália engatou no vestido longo e rolei 20 degraus abaixo.

Desmaiei e não vi sua reação.

A última vez que vi você, eu estava numa cama de hospital, uma perna quebrada, uma costela fraturada, um olho inchado e um braço enfaixado. Você entrou no quarto com uma prancheta na mão e eu pensei que os anestésicos estavam fazendo efeito.

Você tocou no meu rosto, verificou meu pulso e descobri que você se chamava Ricardo e era médico.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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