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A primeira vez que te vi eu estava comendo pipoca na Orla.
Você sentou em um dos banquinhos para apreciar o rio enquanto eu te admirava.
Você sorriu e eu engasguei com a pipoca.
Enquanto tentava manter o sorriso senti o ar faltar nos pulmões.
Você continuou me olhando e talvez percebeu que em vez de ficar vermelha eu estava ficando roxa.
Dei aquela tossida e a pipoca foi parar nos seus pés.
Baixei a cabeça e fui embora.
A segunda vez que te encontrei você estava de carro parado em frente a uma Agência Bancária.
Fiquei te contemplando do outro lado da rua.
Ao atravessar a avenida fui atropelada por um ciclista.
Resultado acabei indo ao chão.
Você já ia descer do carro para me socorrer, mas num salto me levantei e ignorei a dor no joelho.
Constrangedor foi ter que esconder o buraco na minha saia.
Enquanto me arrastava mancado para a calçada tentava cobrir com uma das mãos o rasgado no lado esquerdo do bumbum.
Procurei uma vala bem funda para me enterrar, no entanto não encontrei nenhuma.
A terceira vez que esbarrei com você eu estava no alto de uma escada.
Você tinha acabado de entrar no salão de festa e eu analisava os convidados de uma posição privilegiada.
Você sorriu e eu retribui.
Ia descer ao seu encontro, mas ao caminhar para a escada o salto da sandália engatou no vestido longo e rolei 20 degraus abaixo.
Desmaiei e não vi sua reação.
A última vez que vi você, eu estava numa cama de hospital, uma perna quebrada, uma costela fraturada, um olho inchado e um braço enfaixado. Você entrou no quarto com uma prancheta na mão e eu pensei que os anestésicos estavam fazendo efeito.
Você tocou no meu rosto, verificou meu pulso e descobri que você se chamava Ricardo e era médico.