A Campanha da Fraternidade vai se concluir no próximo domingo, com a Coleta da Solidariedade. Já é costume. Seja qual for o tema da campanha, seu desfecho traz a mesma insistência. O caminho a seguir é a solidariedade.
Vale a pena pensar na razão desta insistência. Ela não deixa de ser um apelo concreto, para traduzir na prática as boas motivações da campanha. A coleta testa nossa coerência e revela a medida de nossa generosidade.
Mas ela é também símbolo de um caminho imprescindível para a convivência humana fraterna e pacífica, seja a nível pessoal, como a nível social, e também a nível do relacionamento internacional.
Sem solidariedade não encontramos o suspirado caminho da paz e da segurança.
Sem a solidariedade os relacionamentos humanos, em qualquer nível, ficam comprometidos radicalmente pelo vírus do egoísmo a nível pessoal, do corporativismo a nível social, e do protecionismo a nível internacional.
Diante do fenômeno da globalização generalizada, João Paulo II logo intuiu que era necessário “globalizar a solidariedade”. Ele tinha razão. A solidariedade é indispensável para uma convivência humana geradora do bem comum.
No momento de crise que o mundo está vivendo, enquanto todos se perguntam pelas saídas a serem encontradas, é bom ter presente esta porta pela qual devem passar todas as iniciativas.
De fato, a solidariedade é remédio, com dose adequada para todas as situações. E´ o grande genérico a ser usado em todas as circunstâncias. A nível pessoal é antídoto do egoísmo, que tolhe a alegria do amor. A nível social esconjura o corporativismo, que produz as injustas desigualdades, que impedem a felicidade da partilha fraterna. E a nível mundial evita o perigoso caminho do protecionismo, que leva aos confrontos irracionais da guerra, atropelando direitos nacionais e impedindo a utopia da humanidade reconciliada na justiça e na paz.
Em tempos de crise, é bom prestar atenção às lições da história. Não precisa ir longe. Também em 1929 o mundo tinha entrado em grave crise. Infelizmente, muitas países quiseram prescindir do bem comum mundial, e apelaram para diversas formas de protecionismo nacionalista. Dele surgiram o fascismo, o nazismo, e outros regimes totalitários. E deu no que deu. Em 1939 eclodiu a segunda guerra mundial, como desfecho de graves equívocos, que agora devemos evitar a todo custo.
De fato, o protecionismo, que procura só os interesses do próprio país, atropelando os direitos dos outros, é a antecâmara da guerra, como a história comprova.
A solidariedade pode tomar formas muito variadas. Basta pensar na segurança pública, tema da campanha deste ano. Ela despertou a generosidade e a boa vontade de tantas pessoas, desejosas de contribuir para este bem indispensável, que é a segurança, a que todos temos direito. Com certeza somos agora chamados a levar adiante as sugestões levantadas pela campanha.
A Coleta da Solidariedade, a ser realizada no Domingo de Ramos, alimenta os Fundos de Solidariedade, que se destinam a apoiar projetos sociais em todo o país, seja através do Fundo Nacional que é gerido pela Cáritas Brasileira, como pelos Fundos Diocesanos, que possuem a vantagem de estarem mais próximos a tantos projetos sociais, que tornam viável a convivência pacífica em nosso país. Que seria da sociedade brasileira, sem os milhares de projetos sociais mantidos pela solidariedade do povo brasileiro! Eles tomam a forma de creches, asilos, hospitais, abrigos, e tantas outras iniciativas de promoção humana e de organização solidária dos mais necessitados, que aguardam nosso apoio.
O próprio Deus trilhou o caminho da solidariedade, assumindo em Cristo nossa condição humana. No final desta campanha, todos podemos dar um passo na mesma direção.