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Ser gente: eis o grande desafio a ser enfrentado. Não podemos esquecer que, antes de sermos padres, religiosos ou leigos comprometidos nas comunidades, somos humanos.
Olhemos a vida, convencidos de que o Deus que nos ama deseja continuamente nos revitalizar, oferecer vida em plenitude: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Esse princípio que norteou toda a vida e missão de Jesus deve reativar em nós a consciência de que a vida é um Dom, um presente do Deus da vida. Deus nos fez à sua imagem e semelhança para sermos humanos e divinos ao mesmo tempo. “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança[…] E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher” (Gn 1,26-27). “Então Javé Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivente” (Gn 2,7). Que coisa linda! Que maravilha! Fomos vivificados pelo sopro carinhoso da boca de Deus, pelo beijo de Deus. Pena que nem sempre lembramos disso ou que lembramos pouco.
Nossa viagem, com certeza, irá ajudar-nos a valorizar mais profundamente a vida e a entendê-la como uma conseqüência do amor. Deus nos amou tanto e amou primeiro, que nos quis comunicar sua vida. Ele amou cada um de nós antes de nós mesmo. “Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei, para fazer de você profeta das nações” (Jr 1,5).
Não esqueçamos que essa viagem poderá fazer-nos mais felizes, porque a vida em si é uma viagem que não podemos fazer de “carona”. Temos que ter consciência do nosso lugar, da nossa missão, e para isso precisamos da graça de Deus. No final da viagem, o que pode acontecer? Com certeza, a vida irá tornar-se compromisso que nasce do encontro de cada um consigo mesmo.
O que não pode acontecer é passar a vida fugindo, porque quem foge não consegue ser feliz.