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Quando se fala em lixo tecnológico a primeira coisa que vem a cabeça é que essa é uma realidade muito distante da cidade de Santarém.

Temos a idéia de que máquinas obsoletas não são tão comuns por aqui e que este novo lixo está distante de ser produzido em meio Amazônia.

No entanto a situação é outra. Hoje até mesmo na área mais longínqua da floresta existe um computador. É o avanço tecnológico.

Se existe um PC num local antes considerado improvável, por que não aceitar que nas grandes cidades amazônicas, muitas máquinas estejam ficando para trás?

É aí que surge o problema, o que fazer com elas quando chega a hora de aposentá-las?

Sampaio Brelaz, da área de Engenharia da TV Tapajós defende que a questão do lixo tecnológico é relativa. Segundo ele muitos equipamentos saem de uso porque fornecedores deixam de fabricar peças elementares para o funcionamento. Às vezes, numa espécie de boicote para que uma nova tecnologia seja mais bem aceita.

O consultor Grazziano Guarany, da Empresa Guarany Computadores/ Targetsys.com atua a mais de duas décadas na área de informática em Santarém. Ele explica que existe um grande desperdício nas empresas. Muitos equipamentos acabam indo parar em aterros e lixões. Em contrapartida, segundo o consultor, começa haver uma mudança de atitude. Várias instituições estão estabelecendo políticas de revenda a preços simbólicos possibilitando que funcionários, por exemplo, possam adquirir um computador. Dessa forma equipamentos considerados inúteis passam a contribuir no processo de inclusão digital.

Algumas idéias originais despontam no reaproveitamento da tecnologia que virou quinquilharia.
No Sistema Tapajós de Comunicação – STC, uma das maiores empresas de mídia do Oeste do Pará, as velhas câmeras, vt´s, máquinas de escrever, telecines e telefones que estavam abandonados em uma sala, ganharão uma nova utilidade. Os auxiliares da produção da notícia ajudarão a contar a história do grupo que se confunde com a história da imprensa em Santarém.

Agora as máquinas obsoletas estão sendo recuperadas. Alguns desses equipamentos se fossem colocados hoje em atividade ainda funcionariam. Segundo informou Carlos Mesquita, Gerente do Setor de Engenharia e Expansão do STC e um dos organizadores do projeto.

No acervo existem peças de mais de 30 anos que serão expostas a partir do segundo semestre de 2009, no Museu do Sistema Tapajós de Comunicação que será inaugurado.

Outra iniciativa que desponta no processo do reaproveitamento é o trabalho desenvolvido pelo Projeto Poraquê. No grupo, os equipamentos ultrapassados são reformados e passam a ser utilizados como agente de mudança da realidade social, o que é definido como metareciclagem.

Pra se ter uma idéia, por exemplo, o laboratório de informática, que é utilizado pelos voluntários do Projeto, é constituído por 10 computadores – todos montados a partir de peças reaproveitadas. Os equipamentos foram doados por algumas empresas e ainda pessoas comuns que viram na ação uma oportunidade de dar um novo destino que não fosse o lixo, a esses hardwares.

A intenção do Poraquê é conscientizar a sociedade em geral, numa filosofia de que nada se perde tudo se cria, ou melhor, se reaproveita.

O lixo tecnológico será o contraponto da revolução da informática. A pedra no calcanhar da inovação. Onde surgir um novo computador, lá estará outro inutilizado.

Resta esperar para ver o que acontece e torcer para que idéias inovadoras não continuem indo parar no lixo.

(*) A reportagem acima foi desenvolvida em parceria com o colega Járlisson Gâmboa e faz parte da atividade da disciplina de Jornalismo Científico e Ambiental.

Obs: Imagem enviada pela autora

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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