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Andar de ônibus tem me mostrado uma outra dimensão e compreensão da vida. Posso sentir que não estou só com os meus pensamentos e questionamentos. Seguindo sozinha, num carro com ar condicionado, tocando uma música que não escuto. No ônibus tenho percebido olhares, que olham, vagueiam, pensam, que não vêem. Sinto o calor do tempo e dou valor ao ar condicionado. Sinto o calor humano, literalmente e filosoficamente. Na pessoa que se levanta para ceder o lugar. Na mão que ajuda para subir ou descer. No olhar que sorri, mesmo sem saber porque. Nas músicas que cada um escuta com o fone de ouvido, isolado, mas o corpo balança no ritmo e os lábios cantarolam. Aquele que resmunga. O que reza. O que canta alto. O que pensa e fala sozinho. São tantos seres humanos. Várias cores, vários rostos, várias tendências sexuais, várias histórias de vida. Suores. Cheiros. Sorrisos. Lágrimas. Tristeza. Cansaço.
Bom dia! É o espanto. Ou o sorriso.
São pessoas com vontade de ser e de viver. Que precisam ir e vir e fazer a vida acontecer. Quantos não tomaram café da manhã? E mesmo assim sorriem, conversam e cantam. Quantos jovens preocupados com os estudos? Com o futuro tão incerto. Quantos vão ao trabalho? Que nem sempre dá prazer. E no final do mês vão receber o salário que mal dá para sobreviver. Quantos desempregados? Quantos com problemas de saúde, com dor? Quantos estão amando? Sendo amados? Quantos corações partidos, doídos? Esqueço de pensar nos meus pensamentos. Para pensar no todo. No coletivo. Me sinto tão pequena diante daquelas vidas. Das tantas vidas que vem e vão.
Obs: Imagem enviada pela autora (Praça 17 – Recife-PE – foto Paula Barros)