Djanira Silva 27 de fevereiro de 2009

[email protected]
http://blogdjanirasilva.blogspot.com/

Embaixo da mangueira a casa de brinquedo, a única verdadeira que conheci. Lá a inocência e os sonhos se confundiam com o verde das serras, o azul do céu, o colorido das flores, num mundo onde ainda não entrara o descolorido da realidade, as verdades das pessoas grandes que, de um lado para o outro, procuravam preocupações e não tinham tempo a perder. Eu não sabia como se perdia o tempo, o que eu sabia era que elas sempre o encontravam. Talvez por isto vivessem cansadas, cansadas e triste por repetirem todos os dias as mesmas coisas. Era difícil entendê-las: se a gente comia muito, reclamavam, se não comia davam-nos óleo de fígado de bacalhau. Eu queria saber quem ensinara tanta coisa às pessoas grandes. Elas sabiam até que bacalhau tinha fígado, que o fígado dele tinha óleo e que o óleo servia para alguma coisa.
No fundo do quintal, o forno de barro, palácio do réu ou esconderijo das bruxas enquanto esperavam os perus e os bolos de todas as festas.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]