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O caso da menina Isabela Nardoni, assassinada na semana passada em São Paulo, evidência um triste lado da imprensa: o do sensacionalismo.
Nós últimos dias, choveu na internet os mais diversos textos. De tanta coisa que foi divulgada, já é possível até fazer um perfil dos principais personagens dessa história (pai, madrasta, mãe).
O que questiono não é o centro do mistério – “quem matou Isabela?” -, mas sim o papel de uma imprensa que tenta se fazer de mocinha, quando muitas vezes é a vilã da história.
Discutir ética no jornalismo é algo tão antigo, improvável e sem resposta quanto discutir futebol e religião.
É uma discussão que vem não sei de onde, e vai para lugar nenhum, mas que vira e mexe volta à tona cada vez que surge uma ‘Isabela da vida’.
O que percebi mesmo, nos mais puritanos meios de comunicação, é que a desgraça alheia é um ótimo produto de venda. Não tem essa de dizer que ‘Não, nós não fazemos isso. Nós mostramos a realidade’ ou “que a população que ver esse tipo de notícia”.
Não cola.
A imprensa vive procurando um novo João Hélio. Lembra do caso do garotinho que foi arrastado até a morte por bandidos?
Faça um comparativo com o de Isabela. Quanto menor à vítima, maior a repercussão na mídia.
O pior são as especulações. Os acusados antes do tempo. Os acusados que não são punidos. A culpa da Justiça. A fala do delegado. Os habeas-corpus.
E depois o que muda?
Vamos ter que esperar aparecer um novo João Hélio, uma nova Isabela Nardoni, para questionar as ‘boas atitudes da imprensa’?
Será que a cada drama, a cada assassinato brutal será preciso desenterrar o caso da Escola Base, para recordar as conseqüências precipitadas de julgamentos de pessoas sem prova?
Mudam-se os anos, mudam-se os personagens e a imprensa não aprende nada.
Até quando?