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Para compreender mais de perto a Gravissimum educationis, resta nos saber como surgiu o documento. Para iniciar, pode-se dizer, sem medo de errar que, o Concílio Vaticano II não se interessou pela educação cristã ou católica ou pela escola católica particularmente, mas pelos seminários. Isto não significa dizer que a Igreja deixou de ser “Mãe e Mestra” (mater et magistra) ou pedagoga da humanidade. Esta sempre foi a tarefa dela, desde sua fundação: conduzir a humanidade para seu fim último ou seja, a plena concretização do Reino de Deus, anunciado por Jesus.

O concílio não indicou uma comissão específica para tratar do tema da educação como aconteceu com outros temas. A mesma comissão preparatória que tratou dos seminários recebeu também a incumbência de tratar da educação (leia-se estudos). Esta comissão presidida pelo Cardeal Pizzardo, iniciou seus trabalhos em 1960 e chamava-se comissão para “os estudos e seminários”. Era formada por 12 subcomissões que se reuniam regularmente e às vezes, com a comissão de “liturgia” e a comissão pela “unidade dos cristãos”. A comissão de liturgia deu origem a um importante documento conciliar “Sacrosanctum Concilium” que revolucionou a liturgia católica. Por sua vez, a comissão sobre a unidade dos cristãos abriu as portas da Igreja para o ecumenismo com o documento “Nostra Aetate”. No entanto, para a elaboração do documento Gravissimum educationis, sobre a educação cristã e católica, não foi constituída uma comissão específica. A preocupação pela educação cristã e católica surge no contexto próprio da formação nos seminários, ou seja, voltada para a formação eclesiástica. A propósito de seu coordenador ou presidente do Cardeal Pizzardo, o conservador e também participante do Concílio na qualidade de convidado, Frei Boaventura Kloppenburg o chama, sem nenhum escrúpulo, de “totalmente ineficiente”, passando a responsabilidade da tarefa a um dos vice-presidentes, Mons. Dino Staffa, “um dos mais prepotentes da cúria romana” (VIER). A comissão preparatória sobre os seminários preparou um documento com 06 tópicos:

a) A natureza da vocação eclesiástica e como promovê-la
b) Formação espiritual
c) Formação pastoral
e) Escolas católicas
e) A reforma da “Ratio Studiorum” que deveria dar especial atenção à integridade da doutrina em submissão ao magistério e à Escritura.
f) A questão da disciplina eclesiástica, incluindo a rejeição de recentes erros como uma “certa autonomia” enganadora.

Após estes tópicos, aparece uma observação que não se pode passar despercebida; reflete as preocupações de uma carta da Congregação para os seminários e as universidades dirigida aos bispos do mundo inteiro, de 27 de setembro de 1960; lamentava a “difusão dos chamados métodos de auto-educação, auto-controle e autonomia pessoal”.

Mais que preocupação pela educação cristã, a comissão preparatória se lança de corpo e alma na formação eclesiástica, que normalmente se dá nos seminários. Deste esquema, surge um decreto conciliar sobre a formação dos sacerdotes: O decreto Optatam Totius. O tópico “Escolas católicas” é considerado em separado e dá origem à atual declaração: Gravissimum educationis.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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