Entramos na semana que nos leva ao carnaval. A data é determinada pelo início da quaresma, na próxima semana, com a quarta-feira de cinzas. Esta é sempre a primeira consideração para situarmos o significado do carnaval, sua importância e seu valor: ele se define a partir da quaresma, ele se confronta com a quaresma, ele se entende à luz da quaresma. O carnaval foi pensado como um breve momento de pausa, de descanso e de predisposição para assumir em profundidade o longo e intenso período da quaresma. A quaresma deveria qualificar o carnaval.
Pelo impacto que produz em nossa sociedade, pela expressão cultural que ele constitui, o carnaval precisa ser olhado com atenção, e ser analisado com discernimento. Há valores que precisam ser reconhecidos, há abusos que precisam ser condenados, há perigos a serem advertidos, e há ambigüidades que precisam ser corrigidas.
As estatísticas de acidentes, violências, roubos e mortes se constituem na primeira advertência, dirigida a todos: mesmo os que não participam das manifestações do carnaval podem se ver involuntariamente envolvidos. Mais ainda precisam se prevenir os que se dispõem a participar. Precisam cuidar para não transformar em tristeza o que esperavam ser pura alegria. Quantas decepções os carnavais já aprontaram para muita gente.
Ao mesmo tempo, o carnaval não se constitui só de riscos e de perigos. Pode ser vivido de muitas maneiras, dentro do espaço que ele oferece para a descontração, o descanso, a reflexão e também a oração.
Temos pela frente uma semana importante, que se constitui em referência indispensável para o calendário do povo brasileiro. Advertidos dos seus valores e dos seus contravalores, nos disponhamos a vivê-lo com discernimento, equilíbrio e responsabilidade.