A festa da conversão de S. Paulo, fez convergir as atenções da Igreja em torno deste grande apóstolo, de quem estamos celebrando os dois mil anos do seu nascimento. Continuamos acompanhando sua trajetória, que o levou a se tornar o protagonista da expansão do Evangelho no império romano, e o arquiteto da articulação harmoniosa das verdades da fé em torno do mistério de Cristo.

O livro dos Atos dos Apóstolos descreve em detalhes três expedições missionárias de Paulo. Na perspectiva colocada por Lucas, seu relato se destinava a mostrar como o Evangelho, partindo de Jerusalém, foi se espalhando pelo mundo inteiro. Ele coloca as palavras de Cristo no envio final dos seus discípulos, como esquema de sua narrativa: “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Judéia, na Samaria, e até os confins do mundo”.

De fato, o livro dos Atos se detém no começo em Jerusalém, depois narra as primeiras andanças dos apóstolos pela Judéia e Samaria. Para em seguida centrar sua narrativa em torno de Paulo, até sua chegada em Roma, mesmo como prisioneiro. Aí termina o livro, deixando a impressão de estar incompleto. Na verdade, com a chegada a Roma, o coração do império, Lucas sinalizava que o Evangelho tinha fincado sua bandeira no centro do mundo. Para Lucas, Roma não é cidadela fechada, é fronteira avançada do Evangelho.

Enviados pela comunidade de Antioquia, Barnabé e Paulo tomaram o rumo de Chipre, aproveitando o navio que partia para aquela ilha. Assim valorizavam os caminhos que o império romano tinha aberto. Isto vale para todos os tempos. Saber aproveitar as oportunidades de evangelização que o mundo nos oferece é uma sabedoria, que empenha nossa criatividade, e compromete nosso dever missionário.

De Chipre tomaram o rumo da Ásia Menor, nos territórios que hoje fazem parte da Turquia. Chegando nas cidades que encontravam, primeiro anunciavam a Boa Nova às comunidades judias, que tinham se espalhado por toda aquela região. Seguiam o mesmo dinamismo do Antigo Testamento, dando precedência aos “filhos de Israel”. Mas esta preferência não podia significar a exclusão dos pagãos, para quem exatamente se dirigia agora o impulso missionário da Igreja nascente.

Percorridas algumas cidades, os dois apóstolos tomaram outra decisão estratégica: voltaram a cada uma delas, para confirmar os discípulos na fé, e para constituir responsáveis em cada comunidade. Era a Igreja aprendendo a lançar os fundamentos do seu futuro. Assim fizeram os primeiros apóstolos. Assim cabe à Igreja de hoje fazer, reaprendendo lições preciosas e indispensáveis para o nosso tempo. A celebração do Ano Paulino não é enfeite. E´ para a Igreja reaprender os caminhos apostólicos.

(*) (www.diocesedejales.org.br)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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