Djanira Silva 8 de janeiro de 2009

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Esta tarde que não é de janeiro, nem de setembro, nem de tempo algum, é a tarde de um domingo surdo, mudo, cego, silencioso e triste. Lá fora, o barulho do vento ressoa como batidas de um tambor nos ruídos terminais de um coração agonizante.
Nem chuva, nem sol, nem frio nem quente. Apenas domingo, um túnel infinito que me transforma em sombra.
Tudo é silêncio neste dia estranho. Não sei de onde vem esta tristeza pesada, estas nuvens escuras este som distante de sinos se esvaindo num perfume sutil de resedá.
Sinto saudade, saudade de mim, dos olhos que viram amanhecer na serra, das nuvens brancas de frieza e névoa, cobrindo as árvores nas manhãs de abril.
Sinto saudade de mim, do vigor do corpo, dos passos ligeiros a procurar caminhos. Das mãos inquietas a traçar roteiros, dos lábios virgens no primeiro beijo.
Sinto saudade de mim nas noites quentes na varanda aberta, lua nascendo sobre os pés de oiti e das manhãs de outono quando o sol chegava como um doce amante aquecendo os lençóis da minha cama.
Espero que a a madrugada afugente este domingo amargo que fugirá como um morcego cego.
Não posso adormecer sem sufocar minha alma no pesadelo das lembranças. Finjo que não me conheço para não sofrer.

Procuro adormecer na melancolia desta tarde sem cor.

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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