Sessão de Arte // Longa inspirado em livro de James Gregory estréia no Recife
Com dois anos de atraso e 23 minutos a menos da versão original, chega ao Recife Mandela – A luta pela liberdade (Goodbye Bafana, 2007), neste sábado, atração da sessão de arte (11h) do Shopping Boa Vista. Apesar do título, não espere um documentário sobre a vida de Nelson Mandela. Os 27 anos de detenção do líder sul-africano são apenas o mote para conhecermos a trajetória de James Gregory, carcereiro e censor responsável pelo prisioneiro ilustre. O militar James Gregory é interpretado por um inexpressivo Joseph Fiennes (irmão de Ralph Fiennes, o “paciente inglês”) e Mandela por Dennis Haysbert, mais conhecido no Brasil como o presidente David Palmer das primeiras temporadas do seriado 24h.
A luta pela liberdade é um filme bastante curioso, não pelo roteiro em si, mas pelas circunstâncias. O James Gregory da vida real morreu em 2003 e é autor de um livro de razoável polêmica, que deu origem ao filme (Goodbye Bafana: Nelson Mandela, my prisoner, myfriend). Sua participação e importância na vida de Mandela, contudo, é considerada deveras exagerada por historiadores.
Nas 630 páginas da autobiografia que publicou em 1994, o próprio Mandela faz apenas duas referências ao carcereiro Gregory, considerado um militar “educado” e merecedor de respeito. Na biografia autorizada de 1999, escrita por Anthony Sampson, o autor chega a acusar Gregory de inventar uma relação de amizade que nunca existiu.
Verdades ou mentiras à parte, A luta pela liberdade apresenta uma história bem amarrada para o cinema, conseguindo prender a atenção do espectador até o fim. De um lado, é bem realista sobre o regime de apartheid na África do Sul e toda a manipulação interna para enganar a comunidade internacional. De outro, peca pelo excesso de simplicidade narrativa sobre a vida de Mandela e do próprio James Gregory.
Obs: Texto publicado no Diário de Pernambuco
Imagem enviada pelo autor.