Dasilva 17 de janeiro de 2009

março 2008.

Em tempos pós-modernos, há uma clara intenção de desqualificar a postura radical. Dizer que radicalismo é coisa de jovem soa é uma atitude demagógica que quem quer agradar eleitores e opositores. É também a ilusão de achar que é vantagem ter um grande passado pela frente. Não raro, tem sido a fumaça que justifica e esconde a falta ou a traição de princípios.

Na história, esse discurso tornou-se a pregação do oportunismo que “defende” ser normal estar sempre à venda, à espera do mais interessante comprador de plantão. O pior é quando essa afirmação reúne todos esses conteúdos porque confirma que velhaco é alguém “envelhecido” e envilecido.

O significado de palavras-chave é usado pelos impérios para justificar a inversão de valores e legitimar a dominação. O esvaziamento ou certas resignificações de conceitos dificulta o entendimento dos fatos e facilita as violações cometidas pelos donos do poder. É um dever libertar-se da tutela terminológica da dominação que se define na área da cultura e da mídia e saber que, nessa esfera, não existem “simples palavras”.

Para os primeiros cristãos, só havia três pecados graves para os quais não havia perdão – adultério, heresia e apostasia. Mais tarde, diante das perseguições e já com o vírus da igreja oficial, cresceu o pensamento mais pragmático e houve uma flexibilização que permitia até uma recaída (relapsi).

Adultério (mais tarde, reduzido à esfera da moral sexual) era abrandar o ensinamento e introduzir doutrinas palatáveis para receber conversões de prosélitos famosos. Heresia era inverter a doutrina – chamar o bem de mal e o mal de bem, aumentar o buraco da agulha para salvar os ricos ou tratar truculentos fazendeiros como heróis nacionais e internacionais. Apostasia era abandonar ou negar a fé e aderir a outros credos.

Nestes tempos de relativismos, vale resgatar o sentido de radical que é sustentar-se em convicções e entregar-se à causa de arrancar, pela raiz, a injustiça da sociedade. O dever de criticar a doença infantil não nega o ardor, a energia e a ousadia da juventude que ansiosa quer revolucionar o mundo e reconstruir a vida fraterna, sempre.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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