Para compreendermos a difusão do Evangelho de Cristo pelo império romano, e daí para o mundo, é fundamental termos presente a comunidade de Antioquia. Ela se tornou o contraponto da comunidade de Jerusalém, onde os primeiros cristãos se nuclearam em Igreja.

E´ muito significativo que aquele punhado de gente simples, em sua maioria vindos da rústica Galiléia, todos eles passaram a ter como referência não mais as paisagens pacatas e bucólicas das montanhas de Nazaré, mas se estabeleceram em Jerusalém, no centro decisório do povo de Israel.

E´ a mesma intuição que depois vai guiar Paulo, e Pedro também, a fincarem as raízes da fé cristã no centro do grande império daquele tempo, que era a cidade de Roma. O mundo tem uma fatal atração pelo Evangelho de Cristo.

Mas, ainda com os olhos atentos neste ano paulino na figura deste grande apóstolos, emerge agora outra constatação importante. Só se torna verdadeiro portador da mensagem de Cristo quem passa primeiro por uma intensa experiência comunitária.

Foi o que Barnabé intuiu a respeito do problemático, mas promissor convertido de Damansco, Saulo de Tarso. Foi busca-lo em sua terra natal, depois dos anos em que lá se deteve em meditação, assimilando pessoalmente sua nova visão de fé, a partir do forte impacto sofrido em Damasco.

Faltava agora a experiência numa comunidade. Foi na comunidade de Antioquia que, finalmente, Paulo se sentiu inserido na Igreja, experimentando a alegria de fazer parte da grande comunhão com Cristo, que desde Damasco ele tinha intuído. Quem tomou a iniciativa de buscar Paulo em Tarso para vir a Antioquia foi Barnabé, aquele que a Bíblia identifica com “homem justo”, que tinha vendido tudo o que possuía para possuía para entregar nas mãos dos apóstolos. Só por este gesto de apostar em Paulo, Barnabé pode ser considerado o protetor de todos os “promotores vocacionais”.

Em Antioquia ambos passaram um bom tempo, instruindo a comunidade na riqueza do Evangelho de Jesus. Até que certo dia o Senhor fez saber à comunidade que Ele tinha separado Barnabé e Paulo para levarem o Evangelho aos povos pagãos.

Deste episódio rico de dimensões eclesiais, tiramos a importante constatação que vale para toda a Igreja. Antes de alguém partir em missão, precisa primeiro firmar bem sua identidade eclesial, participando intensamente da vida de uma comunidade. Antes de sermos missionários, precisamos aprender a ser discípulos. Também porque é de dentro da vida da Igreja que deve brotar o impulso de levar esta riqueza aos outros que ainda não a conhecem.

Paulo nos ensina a sermos discípulos, para sermos também missionários, como ele foi.

(*) (www.diocsesedejales.org.br)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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