O ano está terminado. Suas pegadas, o tempo desfez. Seu horizonte está concluído no amanhã que chegou para soterrá-lo no esquecimento. Sem vexame, ele será encovado, pois muito de funesto ele nos fez provar, como guerras, desastres ambientais, solidão. Também uma soma de bons fluidos saíram de alguns dos seus dias raiados, qual luzerna nesses doze meses passados, como a festa da vida, as chuvas da fartura, o colorido das flores, o voar da borboleta, o olhar de uma criança abandonada ou com família.
Não quero falar deste ano que sai de cena. Quero projetar minhas expectativas para o ano novo que nascerá daqui a poucos dias, que engatinha no ventre da terra, que gira dia após dia, carregando seu varão.
Quero desejar-lhe boas vindas e no primeiro dia de sua chegada, o povo feliz partilhe a Luz que chegou e que irá transformar semblantes, amaciará pensamentos, diluirá saudades, criará indagações e projetará objetivos na vida das pessoas. Porém, antes, atenda um pedido meu. Dê-me um presente. Quero ganhar algo diferente, que venha embrulhado em papel de nuvens de felicidade e dentro, bem misturado, esteja muita paz, entrelaçada com esperança, vinculado a bons sorrisos pelo ano que nasceu. Sem esquecer de fios de fraternidade e fidelidade ao próximo.
É muito peso para suas costas? Seu sacolão agüentará, sem romper-se? Então, se agüenta, venha devagar, mas traga meu presente. Chegue, não se acanhe. Derrame tudo, lentamente, para que se espalhe por toda a terra. Quero dividir com toda a humanidade o melhor presente que alguém já recebeu.
Com alegria, não abrirei mão do suspirado presente, que partilharei com amor, com meu próximo.
(20/12/2008)