Edilberto Sena 10 de janeiro de 2009

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Amazônia, que insônia, por falta de vergonha de tantos que para ganhar rios de dinheiros com as riquezas da região não se incomodam de destruir rios e matas, ignorando todos os seres vivos da grande região.

Rio Tapajós tão generoso com todos os seres vivos, inclusive os seres humanos, que os vândalos e o próprio governo que destroem das cabeceiras até a foz em frente a cidade de Santarém, antiga Tupaiu.

Este início de poesia em lamento dolorido revela a preocupação dos filhos desta terra, especialmente os ribeirinhos e os indígenas Mundurucus, que são simplesmente ignorados pelos planos de forasteiros, que olham o grande rio Tapajós com volúpia de destruí-lo para atender interesses econômicos e geração de lucros.

Alguns anos atrás, sonharam em fazer uma hidrovia para facilitar o escoamento da produção de grãos do Mato Grosso pelo porto de Santarém. Seria a chamada hidrovia Teles Pires Tapajós. Para isso, iriam explodir dez cachoeiras para abrir os canais. Foram impedidos pela lucidez do Ministério público federal à época. Mais recente, o governo federal decidiu construir cinco hidrelétricas aproveitando as cachoeiras do mesmo rio Tapajós. Não consultou as populações, nem as ribeirinhas, nem a sociedade regional, tudo decidido nos gabinetes de Brasília.

De um lado o governo federal com o plano definido e já iniciado no alto tapajós, a serviço das grande empresas estrangeiras de mineração; do outro lado, os empresários do Mato Grosso com seus interesses em agro negócio, planejam reivindicar a hidrovia Teles Pires/ Tapajós.

Como fazer cinco hidrelétricas e ao mesmo tempo uma hidrovia no mesmo rio? Seriam as eclusas? Mas se uma só em Tucuruí levou tanto tempo para ser iniciada, como farão cinco eclusas na bacia do Tapajós? E onde ficarão os povos que vivem às margens do belo e grande rio? Segundo o governo esses são entraves do progresso e serão descartados.
E para onde irá toda a biodiversidade do ecossistema do grande rio? Estudiosos afirmam que grandes hidrelétricas na Amazônia serão desastres irreversíveis para o ambiente e as sociedades locais. Mas para os empresários, o que interessa é o lucro, o progresso. O rio está a serviço de seu capital, não existem caboclos, índios e ecossistema que impeçam o progresso. E o governo federal está submisso ao sistema.

Rio Tapajós, fonte de alimento e de poesia, fonte de equilíbrio da natureza, se depender do governo e dos empresários do sul e do estrangeiro será destruído sem dó nem piedade. E se depender dos povos amazônidas, urbanos e rurais, nativos e migrantes? Bem se depender desta gente, que continua indiferente a destruição virá a não ser que acorde e resista. Quando será?

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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