O ano de 2008 terminou. Já nos encontramos em 2009. Mas existe um vínculo especial entre ambos. E´ o “ano paulino”, que começou em 2008, e continua em 2009. Ele vai até a festa de S. Pedro e São Paulo em junho. Mas, de certa maneira, tem o seu ponto culminante neste mês de janeiro, com a maior festa dedicada a S. Paulo, lembrando sua conversão, no dia 25.

Neste ano a festa cai de domingo. Mas a liturgia cederá lugar à celebração do santo, dada a importância do ano que está sendo dedicado a ele.

Um motivo a mais para concentrar em torno dele nossa atenção para com este grande apóstolo, arquiteto da sistematização da fé em Jesus Cristo.

Ao longo deste mês vamos, então, manter nosso olhar na pessoa de S.Paulo. Podemos acompanhar os passos mais importantes de sua trajetória, desde sua conversão na estrada de Damasco, passando pelos seus primeiros embates como novo testemunha de Cristo, acompanhando-o no regresso a Tarso onde aprofundou sua conversão, e seguindo-o depois em sua inserção na comunidade de Antioquia, onde ele amadureceu e se tornou apto para ser enviado em missão.

A primeira vez que é citado seu nome original, de procedência israelita, Saulo, lembrando o Rei Saul no Antigo Testamento, foi por ocasião do assassinato de Estevão, o primeiro mártir cristão. Observam os Atos dos Apóstolos que o jovem Saulo viu de perto a execução do condenado pelo fanatismo hebreu. Inclusive depositaram as vestes dele a seus pés. A cena deve ter ficado martelando na cabeça do jovem e fogoso Saulo. Primeiro para fortalecer nele o projeto de liquidar com todos os seguidores da nova religião. E mais tarde, com certeza, para incentivá-lo a cultivar as sementes do Evangelho regado pelo sangue de Cristo e dos seus mártires.

O fato mais decisivo de sua vida, foi sem dúvida o inesperado encontro com Cristo na estrada de Damasco. Ele estava indo para aquela cidade com ordem expressa, e com obstinação firmada, de liquidar com todos os seguidores de Cristo, que lá encontrasse pela frente.

Enquanto nutria seus propósitos, que julgava coerentes com sua equivocada retidão farisaica, Deus estava preparando o golpe certeiro, que ira derrubar Paulo não só do cavalo sobre o qual cavalgava, mas do grande engano que o cegava, impedindo de reconhecer em Cristo o Messias prometido pelos profetas e aguardado por toda a humanidade.

Eis que, de repente, uma forte luz atinge Saulo, que lhe cega os olhos do corpo mas começa a abrir os olhos da fé. A voz do próprio Cristo interpela Saulo, com esta advertência: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” . Ao que Saulo pergunta: “Quem és, Senhor?”. E o Cristo faz questão de associar sua identidade com os discípulos que apostavam no seu nome, e responde a Saulo, dizendo: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues!”.

A partir daquele momento, Saulo iniciou seu profundo mergulho nesta verdade fundamental que associa num mesmo mistério a realidade de Deus, a missão de Cristo e a identidade dos cristãos na pessoa de Jesus, que pessoalmente o interpelou no caminho de Damasco.

Daí em diante, Saulo, que passará a se chamar Paulo, não se cansará de meditar o mistério cristão, e de testemunhá-lo com sua vida. Seu exemplo serve ainda hoje de estímulo para toda a Igreja.

(*) (www.diocesedejales.org.br)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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