Nasci nos mangues…
Senti a marca escura e pegajosa da separação e da opressão injusta…
O barro fragmentado pela violência da invasão
me abrigava das ventanias infiltradas em meu corpo frágil e indefeso…
Nasci nas pontes abandonadas atravessando fronteiras,
insinuando compromissos…
Toco a melodia de ação de graças pela Vida…
Repouso o coração na ternura de mãos e na ousadia de lutar…
Nasci na escuridão das madrugadas bebendo do cálice amargo e sufocado…
Tormentos da solidão…
Nasci na brutal e persistente corrida desigual pela sobrevivência…
Nasci para ser sinal de contradição…
Questiono a tua inserção na caminhada,
no anúncio e na (re)construção do reino…
Transforma a dor e aflição dos que perambulam pelas encostas…
Renova a força dos que pararam na metade do caminho…
Na travessia dos opostos a exigência da entrega,
ousadia amorosa de ser…
28.11.2003