Djanira Silva 13 de novembro de 2008

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Barulho de água escorrendo. Um pingo, outro, uma jorrada mais forte. Uma mulher passa apressada. Alguém chama, chora, murmura. Soluça.
São passos de medo. Não pode andar. Pára. Fala. Conta uma história. Disco na radiola. Agulha presa. Palavras repetidas como nas orações arrastadas, sem finalidade, martelando o som. Rac, rac, amor, rac rac, dor… morte… rac, rac.
A mulher escuta. Indecisão. Medo. Vai e volta. No ar, no mundo inteiro, na alma pesada, o som arranhado a monotonia. Entra. Um cheiro forte. Não é o seu perfume. O homem no chão. Na boca a mangueira do gás. Na morte de improviso, a vida se foi, entorpecida.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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