Meu golinha: teu cantar
É música celestial a ouvir
Da mais simples a mais exigente platéia
Num lamento crescente
Seguindo de ramaria em ramaria.
Numa cantiga continuada,
Que nem a chuva nem o verão
Conseguem fazer cessar.
Pára um pouco, bebe água, descansa.
Deixa que o vento faça eco em teu cantar.
Do nascer ao pôr-do-sol,
Vens com fiel encantamento.
Outras aves te olham com inveja
Por teres o coração exaltado
Não percebes o que provocas.
Vai, segue tua vida cantando,
Porém, lembras de parar.
Fazer um pouso e comer.
Depois continuas a cantar
Num enternecer doido,
Só estancas quando as estrelas
Surgirem acesas e brilhantes.
Descansas com abandono
E ressurges com os raios do sol
A brilhar pela manhã
Para trazer teu cantar,
Num trinado ininterrupto,
Vibrando em serenata.
Em plena amanhecer.