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Todos os anos chega o dia 02 de novembro, quando os vivos relembram seus parentes e amigos(as) já falecidos. É o dia em que o cemitério ganha vida, fica todo limpo, iluminado e bem visitado pelos vivos. De ano para ano, vários que acenderam velas e relembraram seus mortos, eles e elas são levados ao túmulo e novas gerações chegam para o ritual do dia de finados. Esta é uma das rotinas da vida, uns se vão e outros chegam.

Quem vai ao cemitério no dia de finados certamente conversa com seus entes queridos, um filme secreto repassa na sua memória, enquanto ajeita umas flores e acende umas velas sobre o túmulo. É um momento intenso, quando na lembrança chegam novamente as recordações bonitas que viveram no passado; em geral, só coisas boas são lembradas, numa conversa íntima entre o de cá, contemplando o túmulo querido e o lá de dentro, que não fala mais, não geme, nem canta, mas o de cá ouve sua voz, seu sorriso, seu perdão que soam em sua memória. É um momento mágico que acontece a cada ano no dia de finados.

Onde estará o falecido (a)? Outros podem pensar o que quiseram, mas para o ente querido que acende a vela e arruma as flores, seu parente ou amigo(a) deve estar bem, de preferência, já gozando as alegrias do céu. Se ele ou ela teve uma vida um pouco torta, o de cá reza e chora e reza mais porque certamente ele ou ela de lá deve estar ainda se purificando no purgatório. Mas o de cá, diante da sepultura contemplando o nome e data do falecimento, tem a esperança de que seu ente querido não irá sofrer eternamente, isso nunca! Afinal, a fé em Deus da vida, mesmo que seja fracamente comprometida com as bem aventuranças de Jesus, lhe garante que Deus, o Deus da vida não quer o mal eterno para seus filhos.

O dia de finados tem esse momento mágico do dialogo silencioso entre os de cá e os de lá. Uns de cá chegam a negociar com Deus para não levar em conta os erros e pecados dos seus entes queridos e até fazem promessas em benefício das almas dos falecidos. A vela acesa sobre o túmulo é o símbolo da certeza da vida eterna. No ano que vem, vários dos que hoje acendem a vela estarão dentro do túmulo e outros dialogarão com ele ou ela. Certamente que outros acenderão a vela, símbolo da vida que não se encerra nos sete palmos de chão, onde se agasalha o corpo de quem parte.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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