No antigo regime feudal, o povo era educado por sacerdotes e a Igreja mantinha controle exclusivo de ensino. Nos tempos da Rerum Novarum as aspirações da burguesia no campo pedagógico enunciadas por Rousseau se concretizam com o advento da escola laica. A burguesia era inimiga da Igreja e ao mesmo tempo necessitava dela. No campo pedagógico, exigia uma educação primária para as massas, e uma educação superior para as técnicas e um ensino médio para seus filhos. Não menos diferentes, era o projeto pedagógico das escolas católicas, que sob a responsabilidade de inúmeras congregações religiosas surgidas no seio da Igreja, preparava a mão de obra disponível e os técnicos dirigentes de que a burguesia necessitava.
A ausência de uma proposta pedagógica “strictu sensu”, na Rerum Novarum, para a classe trabalhadora, significa confiar e autorizar o projeto pedagógico burguês para os trabalhadores e seus filhos. Perdeu o soberano pontífice uma grande oportunidade de oferecer ao mundo, junto com o seu projeto social e econômico, uma proposta pedagógica universal para os trabalhadores, como fizeram K. Marx, Robert Owen e outros.
A alternativa pedagógica ao projeto burguês, veio, não da Igreja, mas dos socialistas e marxistas.