Preciso da lágrima que desponta no passo grisalho,
na despedida desencontrada e secreta de sensações entrelaçadas…
Toco na inutilidade de palavras deixando escorrer riscos e um suor condenado,
estranho sentimento secretamente imerso no abandono exausto da solidão…
Preciso do silêncio úmido e enigmático a rasgar tuas aflições eternizadas,
abraçadas no soluço em travessias precipitadas…
Sinto no olhar a febre do vazio,
o frio da alma rompendo teus lábios amargos,
mãos sangrando no apelo inflamado em teu corpo sonolento…
Preciso da esperança a questionar o caminho e o abrigo de tuas fugas,
a paisagem desbotada e todas as linhas ocupadas…
Carrego tuas contradições e a ternura em convulsão…
Dispenso a emoção velada em harpas trôpegas…
Contemplo no chão teus passos recuados,
agonias, lutas e o desafio desarmado…
Preciso partir para enxugar o orvalho da saudade,
esquecer a cicatriz do beijo aprisionado,
juntar as pétalas e sobrevoar na dor que nos invade…
19.07.2008