Comentário/ editorial no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM)
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“Fora estrangeiro! a Amazônia é nossa!”- Dizia mais ou menos assim um adesivo, um tempo atrás. Também há pouco tempo, por causa de boatos que países estrangeiros queriam internacionalizar a região, o governo federal dizia que a soberania da Amazônia era coisa sagrada para o governo brasileiro.
Tudo isso parece fumaça e conversa fiada, quando se observa a presença de empresas estrangeiras levando as riquezas da Amazônia, com licença do próprio governo brasileiro. Quando se observa as toneladas de ferro saindo de Carajás, os navios carregados de bauxita saindo do rio Trombetas e daqui a pouco, de Juruti; também, quando se sabe que empresas estrangeiras estão extraindo toneladas de ouro do antigo garimpo do rio Tapajós, como acreditar que a Amazônia ainda é nossa e que não está sendo invadida oficialmente por estrangeiros?
Está mais que certo o povo das glebas empresa estrangeira alega que tem licença do governo brasileiro para pesquisar o sub solo e até explorar bauxita ou outro minério se houver. Mas o direito do solo é dos moradores do assentamento.
É um conflito de leis. Mas quem tem o primeiro direito são os moradores nativos. Uma empresa qualquer, até nacional, não pode entrar na propriedade de outro sem negociar, sem dialogar. Daí, estar de parabéns as lideranças das glebas Lago Grande e Nova Olinda quando tomam iniciativa de embargar a multinacional exploradora de bauxita de invadir suas terras, assim como estão certos os moradores de Juruti Velho quando prendem balsas com madeira ilegal e estão certos os moradores de Santa Maria do Uruará quando reagem contra madeireiras ilegais.
Quem deveria vigiar a Amazônia não faz, que é o governo brasileiro, então são os e as brasileiras que defendem a Amazônia. Oxalá mais outros grupos de comunidades defendam a Amazônia dos invasores que saqueiam a região.