Djanira Silva 11 de setembro de 2008

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Aqui, nesta sala nasceu e cresceu um tempo. Tempo especial, tempo que continua nas horas, nas sombras, nas passadas impressas num chão de ficar. Preciso sonhar para que ele, nascido de mim e por mim criado exista na chama da vela, no vôo do pássaro, nas cores da borboleta, na inquietação do beija-flor, nas cores do mundo, em tua alma.
Fotografias de um tempo adormecido, um tempo de valsas, um tempo de festas, tempo de lembrar.
Lá fora, a chuva. Aqui, o relógio vigia e se confunde na noite no eco das badaladas, com os caminhos do vento, do vento que conta histórias, e conhece os temores do homem desde o pio da coruja às ameaças do sono. Janela aberta para o cheiro das rosas e a luz do relâmpago, medo do ronco do trovão, medo de ser criança nas mãos de Deus sem tempo ainda de saber verdades.
Relâmpago, fósforo aceso, risca a sala de um lado a outro.
O pai acende o cigarro.
Nunca soube como acontecia o amor, se era dado, vendido ou tomado à força. Faço isto porque amo os meus filhos. O som da palmatória se confundia com o retinir das moedas para pagar o colégio. Amo os meus filhos.
No olhar do homem a chama se apaga, fecha o corpo, abre a alma.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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