Djanira Silva 18 de setembro de 2008

([email protected])

Pareceu-me ouvir o ranger do portão. Algumas vezes pensei em eliminar o ruído, não pude, o gemido carinhoso, nos finais de tarde, avisava-me que ele estava chegando.
Agora, encolhida na cama, tremo de medo e entendo que solidão é não ter com quem dividir dores e medos. Sinto falta do braço que me envolvia quando temores me assaltavam nas noites de chuvas fortes, de relâmpagos e trovões, ou quando qualquer outro temor fazia-me perder o sono. Não tenha medo, estou aqui. Como me acostumar com tanta ausência?
Caminho pela casa, No retrato, a noiva, o vestido, a cadeira de palhinha, um sorriso desbotado. Até que a morte os separe. Mas, que morte, se tudo ainda está aqui, na cadeira amarelada, no retrato que me sorri, no gemido do portão, na saudade que bate no pêndulo do relógio, na dor que esmaga tudo, no tempo que circula por toda parte trazendo e deixando lembranças. Que morte?

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]