Arcebispo emérito de Maceió
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“Nunca, e absolutamente nunca, eu seria capaz de esconder minha conversão ao cristianismo. Sempre me empenhei para afirmar a verdade e sempre me bati para defender quem afirma a verdade. Como poderia jamais viver na mentira, ocultando a opção de fé que representa o fundamento do conjunto da dimensão espiritual, ética e ideal da minha vida?” – assim se exprime o vice-diretor do Corriere della Sera, o mais importante jornal italiano, Magdi Allam, em seu livro initulado “Obrigado, Jesus”, que tem por sub-título “a minha conversão ao catolicismo”. Nesse livro, dividido em três partes, “o meu Batismo”, “a minha Crisma”, “a minha Primeira Comunhão”, o autor narra sua longa e difícil caminhada rumo ao catolicismo, que culminou na noite de 22 de março deste ano, na Basílica de São Pedro em Roma, durante a Vigília pascal, presidida pelo Papa Bento XVI, que administrou a ele e a onze outros adultos os sacramentos da iniciação cristã, Batismo, Crisma e Eucaristia.

No seu Batismo, tomou o nome de Magdi Cristiano Allam, explicando: “Eu escolhi o nome de Cristiano porque quis que a minha mensagem fosse simples e explícita. Quem poderia duvidar que Magdi Cristiano é um cristão?” “Por cinqüenta e seis anos – diz ele – percebi a mim mesmo como muçulmano, e em torno de mim, os outros sempre me identificavam como um muçulmano. Agora, aos 56 anos, renasci como cristão, reduzindo a zero a identidade islâmica, que eu conscientemente e reconhecidamente reneguei. Dentro e fora de mim, tudo mudará. Nada será mais como antes.”

Magdi Cristiano nasceu no Cairo (Egito) em l952. Apesar de muçulmano, quando jovem, estudou no Colégio Salesiano do Cairo, porque sua mãe queria que ele recebesse uma sólida formação humanística, sem se preocupar com sectarismo religioso. Em seu livro, fala que reavivou sua sincera amizade com os salesianos encontrando-se em 24 de fevereiro de 2007 com o Reitor Mor Pe. Pascal Chavez, num debate público na cidade de Latina sobre educação da juventude e integração dos imigrantes. Narra ainda outros encontros com salesianos, como Pe. Mambrini, diretor do Instituto Gerini de Roma, Pe. Tengattini, diretor do “S. Ambrósio” de Milão e com o então arcebispo, Dom Bertone, hoje secretário de Estado do Vaticano. Tendo sua família se transferido para a Itália, laureou-se em sociologia pela Universidade La Sapienza de Roma.

Dos seus muitos livros publicados, quero citar apenas Bin Laden na Itáli-– uma viagem ao Islam radical (2002) Saddam, história secreta de um ditador (2003), Conseguirá o Ocidente vencer os terroristas islâmicos? (2004), A minha vida contra o terrorismo islâmico e a inconsciência do Ocidente (2005), Eu amo a Itália – Mas os italianos a amam? (2006) Da ideologia da morte à civilização da vida – a minha história (2007). Magdi Cristiano recebeu inúmeros reconhecimentos italianos e internacionais, como o Prêmio Saint-Vincent de jornalismo e o Mass Media Award do American Jewish Comitê.

Vamos concluir com sua declaração programática: “Sou um ex-muçulmano que agora, como católico, quero ser testemunha de uma verdade histórica e promover o resgate de valores e de identidade, sem a qual o Ocidente, que afunda suas raízes na fé e na cultura judaico-cristã, não poderá libertar-se e confrontar-se com os muçulmanos.” E ainda: “Embora tome radicalmente e definitivamente distância do Islã como religião, eu estou absolutamente convencido que se possa e se deva dialogar com todos os muçulmanos, que de partida condividem de forma absoluta os direitos fundamentais da pessoa humana e buscam a meta de uma comum civilização do homem.”

Magdi Cristiano é casado e tem quatro filhos. O mais novo, Davi, nasceu em 20 de junho do ano passado e foi batizado com 4 meses de idade. Naturalmente, Magdi é jurado de morte pelos extremistas muçulmanos e se desloca sempre com uma escolta policial.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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