Estava no lotação – uma espécie de transporte alternativo dos anos 60 – no máximo, 15 pessoas. Indo para a escola dar aula, no difícil horário após o almoço… Invariavelmente, dormia toda a viagem. O motorista até já me conhecia, pois parava para mim todos os dias, no mesmo ponto. Quando chegava ao meu destino, ele com respeito, me acordava e lá ia eu… Já éramos quase amigos – ele achava graça do sono que eu tirava todos os dias… Mas nesse dia, o sono foi mais pesado. Não bastou o “professora” dito em tom mais alto,que sempre me acordava.
A passageira do lado me chamou: “- Chegou a escola, professora”. Eu levantei de um ímpeto, meio assustada e caminhei para a porta. O motorista , como sempre, me estendeu a mão para a cobrança. Eu, sem pestanejar, abri um enorme sorriso, apertei-lhe a mão dizendo: -“Muito prazer!”
Saltei em seguida e não consegui entender as gargalhadas dentro do lotação, que continuou a viagem…
No dia seguinte, morrendo de vergonha, paguei-lhe a passagem…

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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