Totalmente deserta estava a casa….. Nem mais de casa poderia se chamar. Na fachada somente ruínas… Cinco colunas soltas ao leu, sem nada sustentar. Colunas erguidas a esperar sua demolição final… Colunas que ainda se davam ao luxo de apontar o céu e apreciar sua beleza serena e contínua. Que relação pacífica e tão pouco duradoura. Nelas deixei o corpo repousar por tanto tempo. Graças a elas, na rede meu cansaço embalei. Graças a elas os netos mediam a capacidade de abraçados a elas, pular ao encontro da segunda que seguia.
Hoje aqui, aprecio o final daquelas que a 40 anos vivenciaram conosco. Eu sempre as vi assim: fortes, inertes e silenciosas. Mas elas sempre me viram mudar. Acompanharam no decorrer do tempo a minha mudança total: do cabelo preto ao branco, do corpo esbelto a minha obesidade, da minha agilidade física ao meu declínio ao apoiar-me nelas, como que a pedir ajuda para prosseguir a caminhada. Hoje como eu um dia bem breve virarei pó – elas aterro para novas colunas que hão de surgir. Assim é o final de cada coisa que habita este mundo louco desvairado e lindo!
04/12/06