(Sacrossanctum Concilium, cap.10).

A Paróquia de Casa Forte, em Recife – PE, possui, há vários anos, uma equipe de liturgia a serviço das celebrações em geral, mas, exercendo suas funções, primordialmente, na organização das celebrações eucarísticas dominicais e das demais festas do ano litúrgico, tais como Advento, Natal, Tríduo Pascal (em que se destaca a Grande Vigília Pascal), Pentecostes, Ascensão, Corpus Christi, além das festas dedicadas a Maria e aos demais santos, comemoradas pela Igreja.

Essa equipe, formada por um grupo perseverante, reúne-se, impreterivelmente, às quartas-feiras, no horário das 20:00 às 22:00, para proclamar e meditar a palavra de Deus no evangelho e nas leituras dominicais e para tratar dos diversos assuntos sobre as celebrações, dentre eles, os canto e as músicas.

“Na tradição cristã, a sacramentalidade do canto e da música no culto cristão e os ministérios litúrgicos musicais, a serviço da assembléia celebrante, sempre ocuparam lugar relevante”. Já no seu tempo, Santo Agostinho, assim fala da importância do canto: “…existe algum instante em que os fiéis reunidos na igreja não devam cantar? Na verdade, não vejo o que eles poderiam fazer de melhor, de mais útil, de mais santo”. (Confissões 9,6.14).

Por sua vez, “o Concílio Vaticano II resgatou o real sentido do canto e da música
na liturgia como “parte integrante” (SC 112) e expressão memorial do mistério celebrado”. (In Revista de Liturgia, Janeiro/Fevereiro-2007).

Assim, à luz do magistério daquele importante concílio é que, deve-se cantar a missa, ao invés de cantar na missa, ou seja, cante-se o próprio rito que está sendo celebrado. Por isso, o canto litúrgico merece sempre um cuidado especial, pois, estando a música presente em todas as celebrações, em se tratando das celebrações eucarísticas (missas), a música e o canto, requerem uma atenção criteriosa na sua escolha, para que sejam adequados ao tempo litúrgico e ao momento celebrativo, realizando-se, assim, o cantar a missa, diferente do cantar na missa. Essa é a grande função do canto litúrgico ritual.”
“A força motivadora e expressiva da música ritual (inspirada na Sagrada Escritura e nas fontes litúrgicas, é alimento e condicionante eficaz da fé”.

Em razão disso, a celebração eucarística não comporta qualquer canto, sob a alegação de que é piedoso, bonito, agradável, animado, meditativo, etc.
O canto das celebrações deve ser essencialmente litúrgico e deve estar de acordo com o rito que está sendo celebrado, ou ele ser o próprio rito, como é o caso do Glória, do Santo e do Cordeiro, ritos do ordinário da missa, os quais devem ser cantados obedecendo ao texto original do Missal Romano, com os mesmos elementos ali contidos, sendo desaconselhável para os cantos rituais, textos ou melodias adaptados e fora do contexto ritual.

Integrando a Liturgia da Palavra, há, também, o canto do Salmo Responsorial, que é oração bíblica sob forma poética, entoada pela assembléia celebrante em resposta à mensagem de Deus, proclamada na primeira leitura. O canto do Salmo, nunca deve ser suprimido ou substituído por outro canto, seja de meditação, de louvação ou outro qualquer, porque ele é o diálogo de Deus com seu povo presente na assembléia celebrante.

Disso tudo se conclui que o uso inadequado do canto e da música na ação litúrgica desvirtuará a sagrada liturgia e, conseqüentemente, dificultará a compreensão, impedindo a participação consciente, ativa e frutuosa dos fiéis no mistério celebrado, conforme recomenda a Sacrossanctum Concilium.
Sobre o assunto, vale lembrar o que disse o saudoso papa João Paulo II:
“Que vosso modo de celebrar seja a própria expressão de vossa fé”.

Como se vê, a preparação das celebrações, requer muito trabalho, dedicação, compromisso, além de formação, mas, sobretudo, disponibilidade pessoal a serviço do Reino de Deus, daqueles que se propõem a exercer o ministério da liturgia.

Este ano, desde o Advento até o fim do tempo Pascal, a equipe de liturgia se empenhou em organizar as celebrações de maneira solene, bela e bem preparada, com destaque para a música essencialmente litúrgica que, vem sendo implementada, desde o Advento, em algumas das celebrações dominicais da paróquia. Enfim, esse trabalho começa a ser compreendido e aceito, o que só vem enriquecer as celebrações eucarísticas com a participação da assembléia nos cantos, nas orações e na preparação das leituras, pois estas, também, merecem uma preparação especial, o que será tratado em outro artigo).

Por fim, fica aqui o aviso de que no próximo mês a equipe de liturgia proporcionará aos paroquianos a oportunidade de participarem de um tríduo de liturgia em que serão ministradas palestras e oficinas para formação litúrgica a todos os que desejarem celebrar bem o Mistério Pascal de Cristo.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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