Até quando teremos que conviver com a arrogância e a falta de respeito de uma elite prepotente que se diz herdeira das terras brasileiras e negando, em seus discursos carregados de preconceito, esse direito legítimo aos povos indígenas que tentam sobreviver mendigando reservas territoriais para garantir a sua sobrevivência e resgatar um direito que lhes foi tirado pelo invasor europeu que aqui fez morada e se apoderou, sem nenhum pudor, da terra que era o sustento e mãe para muitas nações que aqui habitavam.
É de nos indignar o discurso dos coronéis e de boa parte de jornalistas e políticos elitizados pela arrogância de pensar que sua etnia os faz seres superiores. Querem ser posseiros de algo que não sabem cuidar, apenas sugam sua riqueza e depois a abandonam como se a mãe terra fosse a vaca leiteira de suas fazendas que tem um tempo determinado para produtividade.
Acreditam que é muita terra para um “povo preguiçoso” que em nada contribui para elevar os lucros da balança comercial. E chegam a mencionar que em breve, se continuar a política de demarcação de reservas para índios, o Brasil perderá parte de seu território.
Mas o que mais nos envergonha e assusta é a prepotência de certos jornalistas que tecem comentários, ironizando que os índios devam viver como vivem os ditos brancos em suas metrópoles, espremidos e sufocados pelo ar impuro das grandes cidades, consumindo enlatados americanos e aplaudindo os desmandos de nossos coronéis. Até quando teremos que ver nosso povo indígena sendo tratado como povo marginal, sem dignidade, sem respeito e sem sua riqueza natural que são nossas florestas e sua biodiversidade. Sua luta não é apenas por territórios, sua luta vai além do resgate de bens materiais ( a terra), é um grito sufocado por cinco séculos de atrocidades e desrespeito aos seus ancestrais, aos seus deuses, à sua cultura e ao que há de mais sagrado no ser humano, o respeito à vida.
*Professor da Rede Pública Municipal de Santarém
Graduado Pleno em Pedagogia pela UFPA