O tiziu, com suas penas preto-azuladas,
Mais umas brancas, no peito,
Voa de árvore em árvore,
Catando galhos, sem folhas,
“tis-ziu, tis-ziu, tis-ziu”,
Pula e pula, sempre no mesmo lugar,
Em pequeninos vôos verticais,
Nos campos desse sertão longínquo.
Chegou a vez dele,
Ele voltou feliz
E trouxe chuva
Que traz as folhas verdejantes,
Qual tapete tecido amorosamente.
Os amigos recebem o inesperado hóspede,
Ele olha tudo a sua volta,
Confere, em alegria,
O que a chuva já fez,
Muita semente verde, capim,
Frutas maduras, abertas para saborear,
Água para beber,
Amigos para tricotar,
Puleiros e mais puleiros, para sacotear,
Que bom voltar e ficar,
Nesses dias intensos,
Clareados por raios,
Despertados por trovões
Esfriados na garoa.
Mais amigos chegam
A mostrar seus filhotes,
Com alarido e penas
Nos galhos molhados e lisos,
“tis-ziu, tis-ziu, tis-ziu”
Canta em exibição o tiziu pretinho.
Toda passarinhada sacode-se,
Vem ver o que o nego trouxe na bagagem:
Uma trouxa de fartura,
Um pacote de botões de flores,
Toneladas de sementes,
Sacos de pólen,
Balões de ar fresco,
As negras asas do pequeno tiziu
Vergaram-se sob o peso de tão preciosa carga.
E sempre na orquestração sonora do seu sobe e desce.
“tis-ziu, tis-ziu, tis-ziu”