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Nada mais inútil que um poema.
Que importa o que custou fazê-lo?
No mundo voraz das oscilações na bolsa
pouco valem os investimentos em beleza
a menos que rendam dividendos palpáveis,
esculpidos em granito ou silicone.

Nada mais inútil que um poema.
Que serventia um deslumbramento pode ter?
Quem vê as legiões de indizíveis
por trás de um verso em trânsito?
Nesta vida feita em série, a que vem
o momento único que não possa ser fotografado,
filmado, exibido a parentes bocejantes,
ou pelo menos contado a companheiros
ridentes e meio incrédulos?

E no entanto…

Nada mais urgente que um poema.
Para os que andam sós pelas avenidas universais
ou para os que andam sós mesmo que não o saibam
(acreditando-se em companhia por verem
cheias as mesas, cheias as casas, cheios os copos)
ou para os que carregam nos ombros o fardo
de buscarem nas ruas seu metro de individualidade
e seu quilo de dignidade.

Nada mais urgente que um poema
para os que rezam, repetindo orações antigas
ou para os que desejam, repetindo emoções usadas
ou para os que descrêem, vendo tão repetidas
as mesmas injustiças.

Nada mais urgente que um poema,
no entanto…

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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