Comentário/ editorial no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM)
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Diz o livro do Eclesiástico, no Antigo Testamento – há tempo de semear e tempo de colher, tempo de amar e tempo de odiar e assim vai a descrição realista do autor veterotestamentário. Então, em que tempo vive hoje a sociedade paraense? Para uns, deve estar sendo tempo de amar, mas para boa parte da população, é tempo de odiar, de matar, tempo de ambição e agressão.

Embora às vezes se pense que aqui no Oeste do Pará, se vive num clima de paz, enquanto no Rio de Janeiro e São Paulo seja de guerra com o narcotráfico; e em Israel, uma guerra de exterminio; e na Colômbia, guerra de guerrilha e paramilitares. Mas aqui na região Oeste do Estado a situação também é de ameaçar, matar e corromper.

Nestes dias os inimigos resolveram perseguir mais uma vez o bispo do Xingu, caluniando-o de ter vendido uma quantidade de madeira apreendida pelo Ibama. Não houve provas, não houve processo contra o bispo, mas a acusação foi publicada em certa imprensa. Na semana passada foi noticiado, que grileiros no município de Uruará mantém uma milícia armada em suas terras e já mataram dois trabalhadores rurais; ontem, mais um trabalhador foi assassinado e dois outros foram baleados por milícia de fazendeiros naquela região de Uruará; também nestes dias, o Ibama prendeu um grande lote de gado que estava sendo criado em terra grilada próximo de Altamira. Já aqui entre Prainha e Santarém, trabalhadores rurais estão sendo ameaçados de morte por milícias armadas de grileiros. Um deles da gleba pacoval vive assustado porque milícias dos grileiros vivem rondando sua vida e mandando recados ameaçadores.

E assim, é que está a falsa paz no campo do Pará. Quando alguns anos atrás assassinaram a Irmã Doroty aqui na região, logo chegaram a polícia, o exército, os detetives e prenderam os pistoleiros e alguns mandantes. É verdade que os mandantes estão soltos e o exército só ficou lá na região de Anapu por algumas semanas e foi embora.

Hoje, as milícias armadas estão lá em Uruará e aqui na gleba Pacoval, a serviço dos grileiros. Mas ainda não se ouviu falar que as polícias tenham prendido esses que sustentam a grilagem de terras e outras ilegalidades. O que se ouve é que assassinaram dois aqui, um acolá e ameaçaram outros trabalhadores. Tudo em nome do progresso. Hoje é tempo de matar e roubar e quando chegará o tempo de justiça e de paz? Quem garante que os novos planos do novo Ministro do meio ambiente, criado nas praias de Copacabana vão trazer a paz? mas como, se ele planeja acordos amigáveis com madeireiros, pecuaristas e sojeiros? Como alimentar esperança num país em que a política econômica determina as preocupações sobre a Amazônia? Onde os discursos falaciosos de mitigação, sustentabilidade, etc são apenas conversa para inglês ver?

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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