Walter Cabral de Moura 12 de julho de 2008

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Palavras sem poesia. Palavras que falem de rebeldias, de insatisfações, de rebeliões; que descrevam as nuances das mudanças de fase da lua; que falem de belas mulheres e de cavalos selvagens, de partidas de xadrez, de pinturas e de amantes.

Palavras sem disposição poética, sem rima, sem subterfúgios. Palavras mornas, cálidas, fugazes porém eternas. O duradouro no momentâneo, o brilho da glória, a glória da paz, tudo o que transforma fracasso e sucesso em banalidade.

Palavras que mostrem velhas torres e muros compridos, cemitérios e naves de igreja, jardins extensos e viveiros de pássaros; palavras que tenham arte e sabedoria, fundidas em paisagens, em trechos, em cenários.

Palavras que falem do perdido eldorado e de deuses mitológicos, de lendas rurais e de velhos alquimistas; palavras que não se contradigam, mas que também não pretendam afirmar, peremptórias; palavras que possam estar bem na fala de caboclos e de sábios.

Palavras mágicas e mudas, que cantem vitória, que sejam humildes, que constem dos dicionários, que não tragam aborrecimentos, que caibam no bolso, que não sejam insistentes, que fujam quando bem entenderem, que deixem a ver navios os idiotas.

Palavras contra o sistema, palavras pela demonstração da hipótese, palavras neo-qualquer coisa, palavras pós-idem, palavras tupis-guaranis, palavras iorubás, palavras que toquem o coração, palavras em que haja alguma ciência e muita intuição.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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