D. Edvaldo G. Amaral 10 de junho de 2008

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No dia 14 de março último, retornou à pátria celestial para o Reino do Pai CHIARA LUBICH, sem dúvida uma das três figuras femininas, que mais marcaram o século 20, ao lado de Teresa de Calcutá e Edith Stein, conforme proclamou importante órgão da imprensa brasileira.

Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, Chiara vivia em Trento, cidade famosa pela realização do Concílio da Contra-Reforma (1545-1563), “nas fauces da Alemanha”, como se dizia na época do Concílio. Durante os terríveis bombardeios que destruíam sua bela cidade, Sílvia (seu nome de batismo, trocado por Chiara, em honra da Chiara de Assis) descia com suas companheiras para o refúgio anti-aéreo, levando o livro do Evangelho, como única leitura e oração. E ali, na oração e na contemplação da Palavra de Vida, que ainda perdura, nasceu o Ideal da unidade. Quando tudo desmoronava em torno dela, somente uma coisa permanecia: o Ideal do amor mútuo, ver Jesus em cada companheira, estar pronta a dar a vida pelo outro, amar a todos sem distinção. Numa Europa dividida por tanto ódio, a resposta para Chiara e suas primeiras discípulas era uma só: ver Jesus no meio e lutar pela Unidade.

O Ideal da unidade foi a semente fecunda, da Obra de Maria, que é seu nome oficial, porque vê em Maria a mais perfeita realização do amor e da unidade, embora seja mais conhecida como o Movimento dos focolares. “Focolare” em italiano é lareira, lar. E são os focolares que levaram ao mundo inteiro o Ideal da unidade de Chiara Lubich. Ela dizia numa palestra de 1985, ainda hoje conservada em vídeo, que a unidade é tão difícil, tão excelsa, tão sublime, que só Jesus pode realizá-la. Ver Jesus no outro para construir a unidade de todos os homens, independentemente de classe social, religião, etnia ou cultura.

Hoje os focolares estão presentes em 182 países, com cerca de cinco milhões de integrantes, distribuídos em: internos (focolarinas e focolarinos consagrados, solteiros ou casados); ramos (sacerdotes, diáconos, seminaristas, voluntários) e movimentos (como as famílias novas, paróquias novas, e jovens, como os vários Gen, Gen 2, 3 e 4, pela idade e outros. Há ainda os aderentes e os colaboradores, que reúnem os de outras religiões. Os bispos são chamados “Amigos do Movimento”. (Dados da revista CIDADE NOVA, abril 2008).

No Brasil, em 1991, Chiara lançou o projeto que denominou de “Economia de comunhão”, resposta concreta aos grandes problemas sociais de nosso povo. São indústrias, cujo lucro é divididido: um terço como lucro e reinvestimento, um terço na formação dos homens novos (como ela chamava) e um terço em projetos sociais. São centenas no mundo inteiro, criadas e mantidas com esse espírito de comunhão. Em São Paulo, em Vargem Grande há um pólo industrial dessas empresas.

Nas solenes exéquias celebradas em 18 de março, na Basílica de São Paulo em Roma, o papa Bento XVI enviou o seu Secretário de Estado, Card. Tarcísio Bertone, com uma mensagem especial. Participaram 17 cardeais, 50 bispos, cerca de 500 sacerdotes e uma multidão calculada em 30 mil pessoas, que lotaram a basílica. Entre esses, estavam monges budistas, líderes muçulmanos, bispos luteranos e representantes das Igrejas evangélicas de todo o mundo. Também em São Paulo, no domingo, 13 de abril, na missa de 30º dia, celebrada por 25 bispos brasileiros, estava presente o líder muçulmano do Brasil.

Uma peculiaridade do Movimento dos Focolares: Numa audiência de 23 de setembro de 1985, João Paulo II atendeu ao pedido de Chiara de que o Presidente do Movimento dos Focolares fosse sempre uma mulher, exclamando: “É uma bela coisa!”

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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