Paulo Rebêlo 14 de junho de 2008

Título PT-BR: Os Indomáveis
Origem: EUA, 2007
Cotação: 3.5 / 5.0

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Este filme foi programado para chegar aos cinemas brasileiros em novembro/2007, mas de última hora foi cancelado. Adiaram para janeiro/2008. É comum isso acontecer, ninguém entende. Em fração de poucas semanas após lançado nos Estados Unidos, esta releitura de faroeste – Os Indomáveis (3:10 to Yuma, EUA, 2007) – alcançou uma posição de destaque no ranking dos 250 melhores filmes da história, listados pelo IMDB, a maior base de dados sobre cinema na internet.

Curioso é que o filme é um remake, do homônimo de 1957 com Glenn Ford e Van Heflin, nos papéis que hoje são de Russell Crowe e Christian Bale. Mais curioso ainda é que a versão atual é considerada, por muitos, superior ao original – contrariando a ordem natural dos remakes.

Os Indomáveis é um filme sem público distinto, mas que deve agradar em cheio aos fãs de um bangue-bangue com os equipamentos modernos dos quais se dispõe hoje no cinema. Para quem é fã dos antigos filmes de faroeste de décadas atrás, é um tiro certo. Mas também não agrada em cheio aos puritanos dos clássicos, devido ao ritmo mais moderno e acelerado utilizado por James Mangold, um diretor de poucos filmes no currículo, mas entre eles os ótimos Walk the Line (2005), Identity (2003), Garota, Interrompida (1999) e Cop Land (1997).

Os Indomáveis inclui todas as variáveis clássicas dos filmes de faroeste: o único médico da região (sempre de óculos) que termina entrando para a aventura e se dando mal; o caçador de recompensas experiente; o mocinho que se vê no meio da confusão por obra de acaso; o bandidão temido por todo o velho oeste; os bandos de forasteiros que aterrorizam a cidade; os trabalhadores chineses e mexicanos para construir ferrovias; e assim por diante. Está tudo lá, sem a intenção de rever conceitos ou apresentar novidades, mas, sim, de proporcionar um equilíbrio entre drama e aventura com uma excente história para contar, baseada em um conto de Elmore Leonard.

O principal diferencial de Os Indomáveis, ou a tentativa de, é o trabalho sobre a personalidade ambígua dos dois personagens principais, o líder dos vilões Ben Wade (Russell Crowe) e o fazendeiro pacífico Dan Evans (Christian Bale). Este último, dando um banho de atuação no primeiro, que mais parece estar cumprindo uma obrigação e não querer largar o status de galã bonitão.

Ben Wade é o líder do bando de ladrões mais temido da época, cujo revólver é chamado de ‘a mão de Deus’, tamanha a destreza. Capturado, uma comitiva precisa atravessar parte do oeste para entregá-lo ao trem, que parte às 3:10 para a prisão de Yuma. O fazendeiro Dan Evans, endividado e prestes a perder a casa e a família, vê aí uma oportunidade. E em todo o trajeto até o trem é que vamos ver quem realmente são essas pessoas.

Um bom filme que chega em boa hora, exatamente 15 anos depois de uma releitura dos filmes de faroeste de antigamente: ‘Os Imperdoáveis’ (Unforgiven, 1992), estrelado e dirigido por Clint Eastwood. Este, sim, um faroeste que reviu conceitos e mudou uma série de paradigmas do velho oeste, a exemplo do que fez Sergio Leone (e o mesmo Clint Eastwood) em Por um Punhado de Dólares em 1964, sete anos depois do 3:10 to Yuma original.

Vale destacar, também, a participação marcante de Peter Fonda no papel do caçador de recompensas, sempre a voz da experiência em filmes do tipo. E neste caso, experiência de verdade, visto que seu pai, Henry Fonda, foi uma figura tarimbada em alguns dos melhores faroestes do cinema, como ‘Era uma vez no Oeste’ (1968) e ‘O Homem que Matou o Facínora’, de John Ford.

Obs: Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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