Comentário/ editorial  no Jornal da Manhã (Rádio Rural AM)
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Para a Amazônia, chegou o último capítulo de luta por proteção da parte do governo Lula. Se já estava muito ruim, agora acabou de vez. Acabou de abandonar definitivamente o governo a última esperança. Marina Silva se demitiu do barco furado de defesa da Amazônia. Por que então a hoje ex-ministra do Meio Ambiente renunciou ao ministério?

São várias as causas de humilhação por qual ela passou. A mais recente foi o presidente, em reunião, de chamá-la de “mãe do PAS” (Plano Amazônia Sustentável) e na mesma mesa e hora dizer que quem vai coordenar o tal PAS é o mais estranho dos ministros, Mangabeira Unger, que mal sabe onde fica a Amazônia olhando no mapa.

Dizem que Lula ficou muito irritado com a decisão de Marina Silva porque ela não foi pedir licença dele para sair. Mas não foi por isso que ele se irritou. Sabe muito bem que Marina Silva segurava os panos da falsa idéia que ele passava lá na Europa de que cuidava de preservar a Amazônia do desmatamento acelerado – 95 mil quilômetros quadrados foram desmatados nos últimos seis anos. Agora, o governo Lula não poderá mais esconder a realidade.
Marina é respeitadíssima no campo internacional como pessoa séria, honesta e comprometida com a região amazônica. Dentro do país, era considerada por vários críticos como fraca, que não sabia se impor ao presidente na defesa do meio ambiente. Por amizade e companheirismo com o presidente, que há tempos não era mais seu companheiro, Marina sacrificou muitas de suas convicções na questão dos transgênicos, na questão das madeireiras, na hora em que o governo dividiu o Ibama etc. (…)

Não aguentou, porém, tanta incoerência. O cinismo do presidente Lula chegou ao ponto de ironizar dizendo que ela era a ministra dos bagres do rio Madeira. Cai a ministra e sobe a moral da senhora Marina Silva, como cai a máscara do governo Lula, subserviente à outra ministra, Dilma Roussef, que vivia encrencada com sua colega, porque para ela interessa o PAC, o crescimento econômico e não a Amazônia como uma região com 23 milhões de seres humanos precisando viver.

Para Lula, Dilma Roussef, Reinhold Stephanes e Guido Mantega servem mais do que a honesta Marina e valem mais do que as populações dos rios Xingu, Madeira e Tapajós. Esses valem mais do que os povos indígenas da região, os ribeirinhos e os que vivem e dependem do ecossistema da Amazônia.

Com seu auto afastamento, Marina Silva salvou sua honra e dignidade, já o governo Lula não sabe a quem recorrer. Só não vê quem não quer. Resta saber se a sociedade paraense e amazônida se dá conta do mal que vai aumentar e prejuízos para todos da região, exceto para os grileiros, mineradoras, pecuaristas e o agronegócio.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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