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Para João Landelino Dornelas Câmara

Velho poeta,
Quantas mágoas,
Quantos sonhos,
Porém nenhum desencanto.

O teu desígnio
Foi o esplendor do sol
Cujo sonoro brilho
Cega, mas alimenta.

Lavaste as mãos,
Muitas vezes,
Não como Pilatos,
Mas por excesso de ternura.

O teu desígnio,
Velho poeta,
Foi a busca da revelação.
Talvez amar uma só mulher
E alguma rosa vermelha.

Sorver o chá com paciência,
Enquanto lá fora
Há muitos brilhos levianos
E um gosto de bílis na boca.

Deus que nos perdoe
Não o Deus dos gentios,
Mas aquele de Amenhotep IV,
Puro sonho e fantasia.

As coisas que não fizeste
Por pura vagabundagem,
Tão brancas e tão distintas,
Como um lençol de cambraia
Fizeste com displicência.

Velho poeta
Respeito e amo
A tua calma aparência
E o reto caminho que seguiste.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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