290 anos da Paróquia

A Paróquia e a cidade de São Sebastião do Passé estão em festa por conta dos 290 anos de atividades paroquiais. O título do Programa da Festa tem em epígrafe : 290 anos anunciando a Boa Nova. A programação é centrada num Tríduo onde há os momentos religiosos, como adoração do Santíssimo Sacramento, Ofício de S. Sebastião, mas sem descuidar da participação cultural. Desse modo, haverá a presença das Liras de Maracangalha e da Lira 30 de Março, de S. Francisco do Conde, assim como um show, no sábado à noite, da Banda Canção da Vida.O dia da festa mesma, domingo 13 de abril, será intenso : – às 7:00 há a Missa da Comunidade ; às 10:00h será a Missa das Crianças; às 15:00h haverá uma concentração das comunidades com apresentações culturais e religiosas; a missa Solene será às 17:00 h presidida pelo bispo auxiliar D. Gregório da Paixão; após a Missa haverá o Show dos 290 Anos.

O jornal da Paróquia, intitulado de Especial 290 Anos, informa que a Paróquia foi fundada aos 11 de abril de 1718 e que foi criada no tempo do famoso Arcebispo D. Sebastião Monteiro da Vide. Foi com ele que foram criadas as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, que além de serem uma orientação normativa para a Igreja, era também para a sociedade civil, por causa do regime do Padroado que unia a Coroa à Igreja. O Arcebispo pediu ao Rei a faculdade de poder criar 20 Paróquias. Até aquele momento a Paróquia dependia da Vila de S. Francisco do Conde.Durante muito tempo não teve um vigário próprio mas era assistida pelos Frades Carmelitas que lá residiam.Provavelmente em meados do século XIX a Paróquia ganhou o seu primeiro Vigário, que, segundo os arquivos, chamava-se Pe. Mato Grosso. Foi, portanto, o primeiro Vigário que deu início à construção da igreja matriz no ano de 1870.

Tenho visitado freqüentemente essa cidade e a conheci através do meu co-irmão Pe. Mateus Leal que lá foi Pároco de 1994 a 1999, tendo deixado a direção da Paróquia por ter se candidatado a Prefeito (aliás , este ano ele volta, por desejo dos seus muitos amigos, a se candidatar novamente a essa função na cidade). Ele substituiu o famoso Mons. Luis Ferreira de Brito que lá governou por 40 anos, falecendo em 1997. Depois dele veio o Pe. Jerônimo Santos que foi substituído pelo atual Pároco, Pe. Paulo Roberto, que conheci em Cachoeira – aliás, sempre muito estimado pelos paroquianos de ambas as cidades.

Recebi informações do estudante Paulo Santana que está já concluindo o seu curso universitário e que quis privilegiar sua cidade no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).A sua pesquisa sobre a cidade está em curso e apresenta riquezas informativas pesquisadas em arquivos e autores credenciados.

O município de S. Sebastião do Passé está situado na zona conhecida por Recôncavo. Recentemente, no próprio dia da festa, com a presença do governador, o município foi elevado a integrar a área metropolitana . Isso, pelo menos teoricamente, trará benefícios à população. Um desses benefícios que a população ainda está à espera, é a diminuição no preço das passagens. O Município é imenso – ouvi lá que a área geográfica, é maior do que a cidade de Salvador- e faz fronteiras com as cidades de S. Francisco do Conde,Candeias, Catu, Pojuca, Dias D’Avila,Mata de S. João, Terra Nova, Santo Amaro e Amélia Rodrigues.. A área rural é bastante extensa e engloba os Distritos de Jacuípe, Lamarão do Passé, Banco de Areia e Cinco Rios. Este último é também conhecido como Maracangalha, região que ficou famosa por conta da música de Dorival Caymi.

Sobre a origem do nome da cidade existem dúvidas pois alguns estudiosos afirmam que o título de São Sebastião foi devido à exigência de uma capela, erguida por uma família em homenagem ao santo. De acordo com outro autor, Oliveira, especula-se que “por volta de 1640, em um lugarejo que fazia parte da Vila do Conde, foi construída uma capela em honra de S. Sebastião e como o lugar era subordinado à freguesia de Nossa Senhora da Encarnação do Passé, passou a ser chamado de S. Sebastião do Passé”.

O Santo Patrono da Cidade do Passé foi sempre um dos mais venerados na Idade Média. Sua forma de martírio sempre impressionou devotos e pintores. Seu símbolo é a flecha que tem um significado especial pois transporta a todos à vivência orgânica da dor que circunda o território da corporalidade humana. A flecha antes de agredir, ela surpreende pois ela é, primeiramente, movimento. É algo que voa mas para atingir um alvo. A imagem tecnológica da flecha traz em si mesma uma dubla noção : de prontidão e de atingir um objetivo – tudo se definindo pela intencionalidade de sua trajetória.

Que o mártir Patrono da cidade do Passé proteja e interceda pelos seus filhos nesses 290 anos de atividades paroquiais, tornando-os “discípulos e missionários de Cristo para que Nele nossos povos tenham vida” (V Celam).

Professor Adjunto da Uneb, da Cairu, da Faculdade 2 de Julho. Membro do IGHB, da Academia Mater Salvatoris, da Associação de Interpretação do Patrimônio, ANIP, Br. Colabora nas Paróquias da Vitória e de S. Pedro.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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