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Salvador, 28 de março de 2008.

Em nome da nossa família quero agradecer este tão carinhoso título. Sabemos quão identificado com Salvador, é Sebastião Heber. Quando aqui chegou em agosto de 2000, logo, logo aprendeu a se movimentar no trânsito, errando e acertando como faz todo cientista, foi descobrindo atalhos, muitas vezes se perdendo, de propósito, para descobrir o melhor caminho.

Sedento por conhecer, desde o início, não perdia a oportunidade de trocar endereços e manter contatos com pessoas que podiam inserí-lo no contexto de Salvador e do seu entorno, a sua paixão o Recôncavo, em especial Cachoeira, Santo Amaro da Purificação, Maragogipe e outras cidades como, São Sebastião do Passé, Santo Antonio de Jesus, Nazaré das Farinhas, Jequiriçá, Chapada Diamantina, Santa Brígida, etc.

Nas festas cívicas e populares não deixa de participar e estudá-las a fundo, pois uma vez que adotou Salvador como a sua segunda cidade natal, o seu compromisso é tentar conhecer o máximo possível. E assim tem feito. Brinca com os alunos quando vão fazer visitas técnicas ao Pelourinho ou a outros sítios históricos e diz: “precisava vir um pernambucano para mostrar a bela Salvador aos baianos”.

Em agosto de 2000, logo que chegou, tomou conhecimento da Festa da Boa Morte em Cachoeira, através dos jornais e televisão, não pode participar, pois já não havia tempo. Todavia comentou comigo, que tinha ficado encantado com a devoção a N. Sra. Da Boa Morte e que no próximo ano não iria perder. E assim aconteceu. Em 2001, já passou o São João em Cachoeira, juntamente com mamãe, ambos ficaram encantados com a cidade e toda aquela gente acolhedora. Quis o destino que na festa da Boa Morte daquele ano, conhecesse o prof. Adilson Gomes, filho de Cachoeira e fosse pelo mesmo profº introduzido nas festividades da Boa Morte. A partir daí, tudo que diz respeito à Cachoeira e a Irmandade da Boa Morte, tem a ver com Sebastião Heber. Tem um carinho pelas irmãs da Boa Morte como se irmãs suas fossem. Foi como se ele tivesse sido batizado nas águas do Rio Paraguassu, Cachoeira e tudo o que ela contém, entrou no seu coração e lá Sebastião Heber se sente em casa. Tem muitos amigos e não preciso dizer que a casa e a família do prof. Adilson são como se fossem uma extensão da nossa. Lá também temos outras casas que nos acolhem muito afetuosamente, por exemplo, de Dr. Ivo Santana e D. Mabel, de dona Iolanda, de profª Stella.

Não posso deixar de mencionar os vínculos de Sebastião Heber com Santo Amaro da Purificação, terra de gente ilustre como Pe Sadoc, Dr. José Silveira, Dona Canô, Maria Mutti do NICSA e outros mais, porém quando tomou conhecimento através dos jornais do rico acervo da profª Zilda Paim, ficou indócil ao saber que toda aquela riqueza estava correndo o risco de se estragar, foi imediatamente a Santo Amaro conhecer D. Zilda e verificar “in loco” o acervo e tentar dar um tratamento digno aquele manancial. Sebastião Heber se comprometeu com D. Zilda que iria envidar todos os esforços para que aquela riqueza não se perdesse no tempo e que tivesse o devido reconhecimento. Sebastião Heber pensou: a história de Santo Amaro era para estar exposta à consulta pública em local próprio e devidamente catalogada, como é de praxe proteger tudo aquilo que tem valor e que faz parte da história de um povo. Fez muitos contatos com políticos da cidade, conseguiu o apoio do Prefeito da época, a Prefeitura alugou uma casa e foi montado o muito digno Memorial Zilda Paim, com recursos conseguidos através do comércio local. O Memorial foi construído dentro das normas, com a habilidade e o conhecimento de uma competente museóloga, Ângela Pititinga. Homenagem muito justa àquela que além de se dedicar de corpo e alma ao magistério, não fez outra coisa ao longo de sua vida, a não ser arquivar tudo que dissesse respeito a Santo Amaro: artigos de jornais, cartas de alforria, passaporte de uma escrava de 15 anos, exemplar da primeira tese de dourado de um santamarense, etc. Infelizmente, todo esse júbilo durou pouco, a Prefeitura atrasou os aluguéis, o proprietário pediu o imóvel e todo o acervo, agora acrescido do material onde era exposto retornou à casa da Profª Zilda Paim. Pe. Sebastião Heber não é de desistir fácil, está indo em outra direção, em busca da iniciativa privada, objetivando comprar um imóvel, assim o memorial possuirá sede própria e ficará livre do risco de despejo.

O círculo de amizades não cessa. Em Salvador atualmente, além da Uneb – Universidade do Estado da Bahia, onde é professor concursado, é profº. da Fundação Visconde de Cairu e da Fundação 2 de Julho; este círculo tem crescido em progressão geométrica, porque o meio acadêmico propicia o relacionamento inter-pessoal. O conhecimento entre as pessoas acontece como um efeito em cadeia: professores da Univ. Católica, Olga Meting, CENID, UNIFACS, normalmente se conhecem entre si e a rede de relacionamento vai aumentando. Quando da passagem pela Olga Meting teve alunas que faziam parte do Clube da Melhor Idade Integração, que o levou a conhecer e se aproximar do grupo, criando este grande laço de amizade e identidade. O Integração não faz nada que o Pe. Sebastião Heber não seja convidado, e não existe nenhum evento patrocinado pelo Pe Sebastião Heber que o grupo com o seu maravilhoso coral não estejam presentes, como hoje aqui na Câmara.

Sebastião Heber também é membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, onde teve oportunidade de conhecer a presidente Sra. Consuelo Pondé de Sena e se tornar seu amigo e “futuro confessor”. Foi aos pés da Cabocla, em 2001, na festa do 2 de Julho, que ele conheceu a ilustre Professora. Priva inclusive da amizade dos seus filhos e partilha com eles momentos agradáveis em sua casa, para degustar almoços e jantares carinhosamente preparados por Maria, a sua grande alquimista e auxiliar de muitos anos. Esse privilégio também é extensivo a nós, seus familiares, tanto que, sempre que viemos a Salvador trazemos bolo de rolo, iguaria tradicional do Recife, e o de Consuelo é logo reservado.

Outras amizades que não poderiam deixar de ser citadas, oriundas dos muitos e variados contatos de Sebastião Heber, com hotéis, jornais, etc., Dora Worley (gerente de hotel) e filhos, e sua muito querida mãe D. Santa (Áurea Andrade). Família possuidora dos mais especiais dotes culinários e artísticos e que já nos deu o prazer de se hospedar conosco em Olinda. Leilinha, jornalista, profª da 2 de Julho, amiga de Dora Worley e a rede de amizades não finda. Linda Bezerra, jornalista do Correio da Bahia, amiga assídua e presente aos eventos e aniversários de Sebastião Heber. Através da Fundação Visconde de Cairu Sebastião Heber conheceu a Profª Mazinete Lemos, hoje diretora de Cultura da citada Fundação, amizade que cada dia se intensifica e se estende aos seus familiares, irmãs, filho, Jaime Lemos, em cujas casas somos acolhidos calorosamente.

Os queridos alunos e ex-alunos, não podem deixar de ser mencionados, muito boas amizades surgiram desta grande troca, que o relacionamento professor e aluno, Marcelo Lacerda, Iesu, Suzarte, Alana Marta Souza, Josy Fênix e muitos outros.

Quando acrescentamos a tudo isso a atividade sacerdotal, aumenta o leque e lá também vai encontrar pessoas que fazem parte do meio acadêmico, intensificando-se assim os laços. E novas amizades surgem através dos vínculos da igreja; celebrações religiosas, batizados, casamentos, palestras, bênçãos de residências e atos fúnebres, estes profundamente tristes, porém cheios de fé e muito apoio e solidariedade aos familiares.

Sebastião Heber também é membro da Academia Mater Salvatoris, cujo presidente é o Prof. José Newton. Entidade que funciona na Paróquia da Vitória, onde ocupa a cadeira dedicada a N. Sra. De Monte Serrat, que foi ocupada por seu amigo Prof. Edivaldo BoaVentura, amizade que teve origem a partir da publicação de um artigo seu sobre a Boa Morte.

Agora, mais recentemente, passou a ser integrante da Associação Nacional de Interpretação do Patrimônio – ANIB-BR, cuja presidente é a profª Eny Kleyde. Amizade que teve início através de um livro, escrito pela professora e comentado por Sebastião Heber.

Não faltam ambientes para serem criadas novas amizades, como por exemplo local de moradia. Inicialmente no Edifício Koch, na confraternização de fim de ano, em 2000, lá teve a feliz oportunidade de conhecer o nosso querido amigo, conselheiro, mestre e pai espiritual, Pe Sadoc, como gosta de ser chamado. Sebastião Heber tem, e nós por extensão temos também, o privilégio de privar do convívio com Pe. Sadoc e seus familiares, como se da família fôssemos. No Edifício Koch fez grandes amizades com as famílias de: Celeste Galvão, Joaquina e Cavalcanti, D. Valdete, Ana e Agamenon, Grupo de Oração e tantos outros.

Quando se mudou para o Edf. Vitória Régia, já chega se sentindo em casa, pois tem duas famílias muita amigas, Café e Abdom e que inclusive foram responsáveis pela compra do apartamento, pois foram elas quem deram as “dicas”, facilitaram os contatos com os antigos proprietários e intermediaram nas negociações; são as nossas queridas amigas da família Café, encabeçada por Gildete , Terezinha, Nilda, Valdelice e Zinha e da família Abdom, Maria Augusta, que já se conheciam da Faculdade Olga Meting, onde é vice-diretora e suas irmãs, principalmente Nancy, Edna e as demais.

Contudo o grande artífice deste grande encontro aqui hoje, é o nosso querido amigo o Vereador Silvoney Sales, que o conheceu numa festa de São João, em Cachoeira, em 2001, na casa da profª Socorro, conhecida como Mara. Também é paroquiano da Igreja da Vitória, onde Sebastião Heber é colaborador. Em um dos pronunciamentos de Silvoney Sales, na Câmara de Vereadores de Cachoeira, quando lá esteve, em um dos lançamentos de livro sobre a Irmandade da Boa Morte, afirmou que a sua presença naquela cidade por ocasião daquela Festa se devia a Sebastião Heber, pois foi através dele, que Silvoney tomou conhecimento e se interessou pela Irmandade. Privamos da amizade do casal Zenaide e Silvoney e somos também recebidos em sua casa com muito carinho.

Como diz um professor de Cachoeira, Manoel Passos – conhecido por todos como Manuca, tem que se criar uma associação ou entidade, intitulada PEBA (Pernambuco e Bahia), pois Sebastião Heber é um cidadão que pertence aos dois Estados, porque possui a característica muito peculiar, que é viver intensamente tudo que o lugar onde escolheu para viver lhe oferece. Defende, enaltece e valoriza esta terra, com se filho seu fosse. Além de possuir a capacidade de congregar, somar e partilhar amizades, esta, muito bem herdada de nosso querido pai Lucrécio Vieira Costa, de feliz memória, que dizia: fazer amizade é fácil, o segredo está em conservá-la.

Aqui está o nosso Sebastião Heber, que trouxe para a Bahia, de suas muitas andanças pelo mundo, o que tem de melhor, porque tem como máxima, dar o melhor de si e fazer o melhor. E nós, seus familiares através do seu exemplo e amor por esta terra, também nos sentimos abrangidos por este título, porque o nosso bem-querer por Salvador é imenso e por toda essa gente que tão bem nos acolhe. Não posso deixar de dizer que aqui nos sentimos em casa. Em Salvador Sebastião Heber encontrou espaço para dar continuidade às suas pesquisas, objeto da sua dissertação de mestrado e continuou no doutorado, o sincretismo, este tema que é um poço inesgotável de pesquisa e Sebastião Heber um pesquisador insaciável. No afã de descobrir mais e mais sobre a Irmandade da Boa Morte, chegou a São Gonçalo dos Campos, a Santa Brígida, a Maragogipe e mais recentemente ao Mosteiro do Lorvão nas cercanias de Coimbra, Portugal, por indicação inclusive, de um morador de Cachoeira, o artista plástico Dante Lamartine, que lhe ofertou uns escritos que mencionavam a devoção de Nossa Sra. da Boa Morte naquele local. Tive oportunidade de acompanhá-lo não só ao Lorvão, bem como aos demais locais já mencionados onde a Irmandade está ou esteve presente.

Brincando, Sebastião Heber quando fala em Salvador diz: daqui só sairia para morar em Paris, pois a Vitória, onde mora, lembra uma região nos arredores de Paris, onde costumava se hospedar nas férias, quando estudava em Roma.

Muito Obrigada.

*Suely Telma Vieira Costa
Funcionária aposentada do Banco do Nordeste
Socióloga – UFPE
Pós-Graduada em Recursos Humanos MBA – UFPE.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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