Arcebispo Emérito de Maceió

Uma santidade do dia-a-dia, vivida no interior do lar, no silêncio, no trabalho diuturno. Na doação mútua, na humildade das coisas simples, na autêntica educação cristã dos filhos. Essa é a santidade do casal Sérgio e Domingas Bernardini, proposta pelo Arcebispo de Módena, perto de Bolonha, para a causa de beatificação. Será o casal a ser declarado beato, isto é, os dois cônjuges conjuntamente.

Sérgio casou em 1907 e dentro de quatro anos, sofreu duríssima prova, vendo morrerem seus pais, um irmão, sua esposa Emília e os três filhos do casal. Depois de um ano trabalhando numa mina na América, retornou à sua Itália, decidido a constituir nova família. O pároco o queria no sacerdócio, mas ele dizia que queria casar outra vez, ter muitos filhos para educá-los no amor de Deus e na caridade para com o próximo. Aos 20 de maio de 1914, casa-se com Domingas Bennoni, que tinha os mesmos sentimentos cristãos dele. Freqüentavam a igreja do povoado, distante três quilômetros de sua modesta morada de camponeses. No trabalho árduo do campo e na profunda vivência religiosa, transmitiram aos filhos o amor de Deus e a fidelidade aos deveres cristãos. Não podia ser outro o resultado. Dos dez filhos do casal, duas se casaram, cinco foram Paulinas, uma Ursulina e dois sacerdotes missionários capuchinhos, dos quais o mais novo foi Dom Germano Bernardini, Arcebispo de Esmirna, na Turquia. Muito trabalho, oração e caridade para com o próximo – era o programa de ação vivido naquele lar abençoado. Não faltaram sofrimentos, doenças e até desgraças: um incêndio no outono de 1922 consumiu toda a reserva de feno da família e matou os animais que dormiam na estribaria.

Foi uma bela história de fé e de amor. Escreveu Mamãe Domingas à filha Ursulina na partida de suas três irmãs para as missões estrangeiras: “Agradeço infinitamente Jesus por haver dado oito vocações à nossa casa. É bem verdade que o Senhor dá o cento por um. Rezo sempre por ti para que Jesus te faça santa. O mesmo peço a Deus para todos os meus filhos para que sejam santos e possam salvar muitas almas. Com esta finalidade, ofereço meus sofrimentos, meus sacrifícios e minhas orações. E já que nesta terra não podemos estar sempre juntos, rogo ao Senhor de encontrarmo-nos para sempre unidos no paraíso” Sérgio partiu para a pátria eterna em 12 de outubro de 1966, após dois anos de sofrimentos inauditos, suportados com heróica paciência, sempre tendo ao seu lado o conforto de sua santa esposa. Comunicando aos filhos o passamento do pai, ela escreveu “Glória a Deus no mais alto dos céus.” Domingas foi encontrar seu Sérgio em 27 de fevereiro de 1971, tendo deixado como testamento a seguinte recomendação: “Quando souberdes que o Senhor me chamou para seu Reino, comunicai a todos minha felicidade e mandai repicar os sinos em toque de festa. Devo tanto agradecer ao Senhor as inúmeras graças que ele me concedeu até agora. Vivo para os meus filhos. Peço com freqüência a Jesus que os assista em todos os momentos. Vós mos haveis dado e eu os criei. Mas eles são vossos. Abençoai-os. Jesus, a Mãe celeste e a mãe terrena vos abençoa. Até à vista, no céu.”

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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